Julho 2020

Ano XXVII - Nº 77

Neste Boletim:

  • O Galardão;

  • “Recados do Pai”;

  • Excertos d’O Grande Evangelho de João;

  • Dádivas do Céu;

  • Tempo de Renovação;

  • A Paciência do Senhor para Connosco.

O GALARDÃO

O dicionário define galardão como: “Recompensa por serviços importantes; prémio; honra; glória.” Este prémio, no mundo em que vivemos, normalmente é atribuído a alguém que se destacou dos demais, por variados motivos, e merece ser honrado de forma especial.

Segundo a doutrina de Jesus, aquele que aos nossos olhos deveria ser elevado é o que demonstra a maior humildade e serviço ao seu irmão. Realmente o Evangelho inverte muitas vezes os valores que são usuais na sociedade humana.

Mas, Jesus também tem galardões a atribuir aos Seus filhos e servos, relacionando-os sempre com a obra caritativa: “E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” [1]

Do ditado que escolhemos para este boletim destacámos três parágrafos para analisar, pois os consideramos de algum valor para a nossa edificação espiritual e estão ligados ao tema desta reflexão.

É no vosso coração que Eu coloco a Minha semente e é nele que ela se prepara e cresce.

A Boa Nova ou Evangelho é uma semente que só germina se encontrar em cada um de nós o aconchego e a humidade que a capacite a se decompor, dando origem a um elemento novo, fazendo depois parte da nossa carne, tal como acontece com qualquer alimento ingerido.

O local apropriado para o seu desenvolvimento não é o cérebro, como muitos pensarão mas o coração; este músculo que faz circular o nosso sangue por todo o corpo, atingindo os pontos mais recônditos dele. Podemos entender a doutrina de Cristo através do intelecto, compreendê-la teologicamente, mas é o coração, no seu pulsar, que a faz expandir em todo o nosso ser.

Lembro-me de um episódio passado há bastante tempo, em que um cristão de muitos anos “interrogou” uma pessoa que recentemente se tinha convertido sobre a Bíblia e seus ensinos; fez-lhe várias perguntas e o outro não soube responder a quase nenhuma. O pretenso professor diz-lhe: “Você não é crente, pois não conhece a Escritura.” Mas o outro responde-lhe: “Sou sim, pois eu sei aquilo que Cristo fez na minha vida.” Tudo se havia passado na transformação que foi operada no coração deste verdadeiro crente, que desconhecia a Bíblia, enquanto o outro podemos até duvidar que algum dia tivesse tido uma verdadeira experiência de conversão.

Pegando neste exemplo e nas 7 parábolas de Jesus (Mateus 13:1-51) e 7 igrejas do Apocalipse (Apocalipse 2-3), podemos aferir que não é o conhecimento da letra que nos torna criaturas espirituais; antes pelo contrário, pode levar-nos à dureza de entendimento da Escritura e como consequência ao julgamento dos outros.

Aferindo o paralelismo entre essas 7 parábolas e as 7 igrejas, vejamos o significado espiritual da sexta parábola, em que um tesouro escondido num campo (símbolo da Palavra de Deus, enterrada por séculos do conhecimento do povo) é encontrado por um homem.

Na igreja de Sardo, que é a sexta em sequência e que representa o período da Reforma, realmente a Bíblia foi redescoberta e disseminada pela população; mas a interpretação intelectual do texto da Escritura, no respeitante à salvação do homem, levou ao erro da sobrevalorização da fé em detrimento das obras.

Esta é a razão por que as primeiras palavras do Senhor, quando analisa esta igreja, são de repreensão: “E ao anjo da igreja que está em Sardo escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus, e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.” [2]

A Boa Nova, então redescoberta, deveria ter sido colocada no coração dos homens como semente pura, sem esconder o valor das obras.

Hoje a ciência modifica geneticamente as sementes, alterando-as: tomemos por exemplo os frutos que surgem sem grainha (a semente do fruto), preferidas pelas pessoas.

No caso da semente santa do Evangelho, não podemos desligar a fé das obras, embora saibamos que não são elas que nos salvam (Efésios 2:8-9).

A Palavra de Deus é enfática quando afirma: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”; “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” [3]

Não estamos tirando importância a fé, mas ligando-a à caridade/amor, pois só assim ela se transforma em serviço ao próximo.

Hoje, mais do que nunca, na situação social que vivemos, é nosso dever criar ao nosso redor pequenos oásis de paz e ajuda, pois só desta forma demonstramos que somos verdadeiros filhos de Deus.

Voltando à análise da sexta igreja, o nosso Pai salvaguarda que nela tem também verdadeiros servos que se firmaram na verdade total do Evangelho, como é dito: “Mas também tens em Sardo algumas pessoas que não contaminaram os seus vestidos, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso.” [4]

O estímulo ao amor ao próximo é considerado pelo nosso Pai como fé amadurecida:

O Amor é uma dádiva que nasce de uma fé amadurecida e de uma entrega com significado de serviço.

Nunca o Senhor Jesus nos manda fazer algo que Ele não tenha praticado visivelmente e por essa razão Ele é o nosso Mestre: “E qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo (escravo); bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” [5]

Portanto, o verdadeiro caminho do cristão é um caminho de serviço contínuo à causa do Evangelho, esforçando-nos a cada dia a praticar a humildade não fingida, para podermos estar à altura de ser chamados pelo Senhor para a tarefa que Ele quer levar a cabo no nosso tempo, fazendo com que a Sua igreja na Terra seja conhecida por distribuir o perdão, o carinho e a ajuda física, bem como a libertação espiritual do medo e da mentira, tão propalada pelas religiões. Como disse Jesus: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” [6]

Se encetarmos esta vivência como norma de vida, naturalmente podemos aplicar estas palavras do Pai, como se a cada um de nós fossem dirigidas:

Servir é o mais alto galardão que um filho Meu pode ter. Nessa entrega, ele purifica o seu espírito e Me conhece em cada olhar, em cada meiguice, em cada acto de compaixão.

Fraternalmente em Cristo Jesus,

Pr. Egídio

[1] Mateus 10:42 [2] Apocalipse 3:1 [3] Efésios 2:10; Tiago 2:17

[4] Apocalipse 3:4 [5] Mateus 20:27-28 [6] João 8:32

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RECADOS DO PAI

É no vosso coração que Eu coloco a Minha semente e é nele que ela se prepara e cresce.

O Amor é uma dádiva que nasce de uma fé amadurecida e de uma entrega com significado de serviço.

Servir é o mais alto galardão que um filho Meu pode ter. Nessa entrega, ele purifica o seu espírito e Me conhece em cada olhar, em cada meiguice, em cada acto de compaixão.

Compaixão e paixão são dois sentimentos do Alto, dois sentimentos grandiosos de ligação ao Pai.

Nada se faz sem Mim e tudo se eleva em significado quando o vosso coração está em Mim.

O pensamento é um acto do espírito em acção. Se a sua direcção é o bem integrado no sentido da Minha palavra, então estais no Meu caminho. Por essa razão a meditação é ligação a Mim, pois em Mim tudo se torna claro, limpo, puro e elevado. O pecado se afasta e o sentido da entrega, da paz e do amor se espelham no vosso coração. Sou Eu a reflectir para o mundo através de vós, através dos Meus filhos.

Contais hoje mais um ano de vivência terrena e nessa dimensão que vos dei para perceberdes o tempo, vós sentis como o fechar de um ciclo e o início de outro. Pois bem, fechai no vosso coração o ciclo das trevas ou da mais pequena influência do maligno e assimilai que só na oração, na elevação do pensamento, estais em Mim e livres de todo o pecado.

Não precisais de muito: fechai os olhos e em espírito chegai-vos a Mim. Contemplai-Me em espírito e falai-Me em verdade com amor no coração.

Eu vos espero sempre. Eu anseio por vós.

A vossa igreja é terreno Meu, plena de dons e de bênçãos (…) Continuai, Eu não desisto de vós.

(…) Eu estou e permaneço nos vossos corações e no fogo do Meu Espírito vós cresceis.

Continuai a caminhada, pois nunca vos deixarei desamparados.

Confiai e construí uma fé sólida, com a solidez do Meu amor, pois quando menos esperardes a obra surge.

Em Meu nome Eu vos abençoo por toda a eternidade.

Amém.


EXCERTOS D’O GRANDE EVANGELHO DE JOÃO


 

CONDIÇÕES A SEREM OBSERVADAS PELOS SEGUIDORES DO SENHOR

«Aproximando-se de Mim, o jovem fariseu diz: Senhor, Mestre e curador sem par, não necessitamos de apresentação social após as explicações de Júlio. Desejamos apenas tornar-nos teus discípulos.

Digo Eu: Muito bem, mas sabei que os pássaros possuem ninhos e as raposas, os seus covis. Eu, porém, não tenho onde pousar a Minha cabeça.

Aquele que quiser tornar-se Meu discípulo terá que carregar um grande peso e seguir-Me. Não desfrutará de benefícios terrenos, mas sim, terá de abandonar para sempre os seus bens materiais por amor a Mim, não podendo a sua família ser-lhe impedimento.

Não lhe será permitido possuir fortuna, mais do que um manto, calçado, alforge ou bordão para a defesa contra um suposto inimigo.

O seu único tesouro sobre a Terra é o segredo oculto do Reino de Deus. Sendo-vos possível aceitar estas condições, sereis Meus seguidores.

De modo idêntico, cada discípulo terá de aplicar o amor, meiguice e paciência para com todos; abençoará o seu pior inimigo como se fora o seu melhor amigo e fará o bem àquele que o prejudicar, orando pelos seus adversários.

Nos corações dos Meus seguidores não poderá haver ira e vingança, tão pouco terão direito a queixumes e críticas quanto aos acontecimentos aflitivos sobre a Terra.

A satisfação dos desejos deverá ser evitada como a peste; em compensação, todas as energias devem ser aplicadas em criar um novo espírito pela aceitação do Meu Verbo, a fim de poder continuar eternamente na plenitude deste espírito. Por isso, reflecti sobre tais condições e dizei-Me se concordais em aceitá-las integralmente.

Indecisos com a Minha exposição, os jovens fariseus não sabem o que responder. Finalmente, o primeiro orador diz-Me, em parte gracejando: Querido e bom Mestre! Não resta dúvida serem as tuas condições apropriadas à conquista de virtudes excepcionais e semidivinas; porém, serão poucos aqueles que se submeterão. Generalizar tal exigência não seria admissível, pois se todas as criaturas aderissem à tua doutrina, a Terra em breve teria o aspecto do segundo ou terceiro dia da Criação de Moisés, isto é: deserta e vazia.

Eis porque os ensinamentos daquele profeta são mais úteis para a esfera física e moral da criatura. Tenta estabelecer condições idênticas para todos e verás as consequências. É justo que algumas estejam de posse dos segredos divinos; as multidões não poderão fazer o mesmo uso salutar. Por mim, tornar-me-ei com prazer teu seguidor, mesmo se tivesses estabelecido condições mais pesadas; no entanto, duvido que os meus companheiros se sujeitem. O Templo exige muita coisa. Tu exiges tudo!»

O BENEFÍCIO DA RENÚNCIA

«Digo Eu: “Não importa, porquanto não obrigo quem quer que seja. Quem quiser, que Me siga! Quem não o quiser ou puder, fique em casa. Nestes dias o Reino de Deus tem de ser conquistado com violência.

Quanto às Minhas condições um tanto pesadas, digo: Se o teu manto for velho e puído, o que impossibilita o seu uso, e alguém te oferecer um novo e bom, dizendo: “Amigo, despe essa roupa velha e destrói-a, pois não tem utilidade para o futuro, que te darei uma nova, prestável para todos os tempos, porquanto é feita de um tecido indestrutível”, acaso serás tolo a ponto de querer conservar a velha?

Além disso sabes, como também os teus companheiros, ser esta vida terrena de provação apenas um curto lapso de tempo, seguindo-se a Eternidade. Acaso és ciente da maneira pela qual se processa a continuidade do teu ser, após a morte? Unicamente Eu estou em condições de dar-vos, com toda a segurança, a vida eterna e perfeita de um anjo, em troca desta passagem curta e miserável. Ainda conjecturas se deves aceitar as Minhas condições? Realmente, exijo muito pouco, dando-vos tudo!

Julgas a Terra tornar-se deserta e vazia se com o tempo todas as criaturas seguissem as exigências da Minha doutrina? Quão curta é a tua visão.

Vê este Meu anjo. Possui tanto poder e força de Mim, que poderia – se tal fosse a Minha vontade – destruir a Terra, o Sol, a Lua e as estrelas, cujo tamanho é tão imenso que a Terra se lhes poderia ser comparada a um grão de areia.

Enganas-te crendo que a cultura do solo terrestre dependa unicamente dos homens. Se te der um campo por Mim amaldiçoado, poderás cultivá-lo à vontade que não produzirá nem cardos nem espinhos para alimentar os vermes. Se bem que o semeador lance o trigo, é preciso que os Meus anjos colaborem, abençoando deste modo o solo que, de contrário, não daria frutos! Compreendes?

Sendo os Meus anjos os constantes trabalhadores no cultivo da terra, poderiam também tomar a si o encargo da semeadura, o que realmente fazem em zonas ainda não pisadas pelo homem. Porém, sofrendo pela antiga maldição e querendo por força ele próprio trabalhar pelo sustento físico, os Meus colaboradores não têm nada a fazer.»

O PREJUÍZO PROVINDO DAS NECESSIDADES

(O Senhor): «Não ouvistes falar do antigo Paraíso, no qual foi criado o primeiro homem? Esse Éden era igual a um imenso jardim provido dos melhores frutos da terra; no entanto, nunca fora cultivado por mãos humanas. As primeiras criaturas não possuíam casas e cidades; as suas exigências eram escassas e muito fáceis de satisfazer. Por isso gozavam de saúde, alcançavam longevidade, dispondo de tempo bastante para dedicar-se ao desenvolvimento espiritual e ao intercâmbio visível com as forças celestes.

Por inspiração satânica construiu Caim para o seu filho Anoque uma cidade com o mesmo nome, lançando assim a base para todos os males terrenos.

Afirmo-vos serem poucas as necessidades humanas; vaidade, ócio, orgulho, egoísmo e domínio exigem uma constante satisfação, jamais alcançada.

Por esse motivo é alimentada a preocupação humana – e as pessoas não têm mais tempo para se dedicar àquilo por cujo motivo Deus lhes facultou a vida.

De Adão a Noé os filhos das montanhas não travaram guerras, pois as suas exigências eram diminutas e ninguém se queria elevar sobre o próximo. Os pais se mantinham em respeito, porquanto permaneciam os sábios guias, mestres e conselheiros dos filhos.

Nas planícies, no entanto, onde os homens de sentimento e intelecto rudes começaram a enfeitar os seus guias e mestres, ungindo e coroando as suas cabeças, outorgando-lhes, em virtude da sua consideração pessoal, toda a sorte de poder e força, a vida fácil e de exigências escassas teve término.

A pompa é dificilmente saciada. Como o solo não produzisse o necessário num terreno restrito, os homens, amantes do luxo, começaram a estender-se dando o nome de “posse” à terra por eles ocupada, tratando logo da pompa externa. Com tal atitude despertaram inveja, ciúme, discussão, luta e guerra, sendo o mais forte vencedor, soberano sobre os mais fracos, obrigando-os a trabalhar para ele.

Os insubordinados eram punidos com castigos quase mortais, a fim de levá-los à obediência.

Vede, tais eram as consequências da cultura terrena, do amor ao luxo e do orgulho. Se Eu vos procuro em Espírito, vindo dos Céus, querendo-vos reconduzir ao primitivo estado feliz das primeiras criaturas, mostrando os caminhos abandonados que conduzem ao Reino de Deus, como podeis afirmar serem as Minhas condições para o apostolado demasiado duras e impraticáveis para a Humanidade em geral? Digo-vos: o jugo que vos imponho é suave e o peso, leve, comparados aos que suportais diariamente.

Até onde se estendem as vossas preocupações! Não tendes sossego dia e noite, unicamente por causa do mundo, para que não tenhais prejuízo no vosso bem-estar e luxúria, conquistados com o suor sangrento dos vossos irmãos mais fracos. Onde deveria a alma achar tempo nesta constante preocupação, para desenvolver o Espírito divino dentro de si?

As vossas almas e as de milhões de criaturas ignoram serem portadoras da centelha de Deus, e que muito poderiam fazer para se libertar da aflição contínua pelas coisas mundanas. Os fracos e pobres são por vós fustigados num servilismo sangrento, a fim de satisfazer o vosso amor ao luxo; portanto, eles também nada podem fazer para a sua emancipação espiritual. Deste modo, todos sois condenados a verdadeiros filhos de Satanás, não podendo ouvir o Meu Verbo que vos levaria seguros à vida, pois defendeis as vossas razões, pelas quais enfrentareis a morte eterna.»

(O Grande Evangelho de João – III – 8,9,10)


DÁDIVAS DO CÉU

O PRINCIPAL MANDAMENTO

«A respeito da pergunta sobre Marcos 12:29-30: “ e Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.

Meus queridos filhos, coisas tão pequenas vós não entendeis, coisas que são o vosso pão de cada dia, que o são e sempre deverão ser. Dizei-Me como pensais entender coisas muito maiores, como por exemplo, um evangelho das ervas, das plantas, das árvores, como também das pedras, da terra, da água, do ar, do fogo, de todos os astros e também de todos os animais, tudo isto que é o Meu testemunho? Muito menos conseguireis entender todo o espiritual e o celestial, tão inconcebíveis. Como desejais sentar-vos à grande mesa de Abraão, se todos os vossos dentes (a sabedoria da fé na Palavra) ficaram ocos por causa das loucuras mundanas a que vos entregastes, e assim vos tornastes incapazes de mastigar o vosso pão de cada dia, pelo qual pedis em vossas orações diárias (infelizmente a maioria pede pelo pão dos vermes).

Vós amais mais a Sabedoria do que o Amor e por isso tendes muito pouco amor. Consequentemente, tendes menos compreensão verdadeira, que é o complemento justo do amor.

Amai-Me a Mim, mas como as criancinhas amam seus pais antes mesmo de conseguirem falar, como uma noiva sincera ama o seu noivo antes de conhecê-lo mais intimamente. Então, tochas de luz fluirão de vossas entranhas.

Por isso deveis modificar-vos e amar em primeiro lugar. Só então a vossa fé se tornará viva. Se não for assim, as vossas cabeças ficarão atulhadas de coisas, como se fossem o estômago de um boi, mas os vossos corações ficarão vazios. Deveis aplicar todo o vosso conhecimento de amor a vossos filhos e logo a seguir tornar-vos iguais a eles.

Esta é a compreensão de: “O pão nosso de cada dia”.

De todo o teu coração”. Aqui, “coração” significa o espírito da vida, o que, como fiel exemplo do Meu Amor e no período probatório em vós, é de facto o Amor puro.

De toda a tua alma”. Como “alma” aqui devemos entender um corpo etéreo do espírito, o qual deve ser preenchido plenamente com o Amor original que nela se encontra como sementinha por nascer, para que se torne viva em todos os seus fragmentos.

De todo o teu entendimento”. Da palavra “entendimento” ou sentidos, devemos entender todos os vossos conhecimentos, sendo que devem ser todos aprisionados no Meu Amor que existe em vós, para que a alma, que é o corpo do espírito, obtenha a firmeza, obtenha pele e cabelo, pés para ficar de pé e para caminhar, mãos para poder apanhar e manipular as coisas, olhos para ver, boca com todos os seus elementos úteis para saborear os alimentos mais requintados e melhores e para falar as palavras de Vida que vêm de Mim. Deveis possuir todas as forças e também deveis ser plenos de Amor.

Vede, esta é a compreensão curta e simples do pequeno texto que foi dito pelo Meu Marcos e todos os que falam a mesma mensagem. Mas prestai atenção: Eu não vos disse isto para a vossa razão, mas sim para vosso coração, para que vós finalmente Me ameis, nem que seja pela Minha boa vontade, mesmo que o resto de tudo o que vem de Mim não baste para acordar em vós o Amor que desejo receber.

Por isto observai estas Minhas palavras no fundo dos e vossos corações ainda vazios, para que eles se satisfaçam diariamente com o “pão de todos os dias” que é ofertado pelo céu. Isto desejo Eu, vosso santo e amoroso Deus, Pai no filho Jesus, Jeová. Amém.»

(Revelação transmitida ao profeta Jakob Lorber em 02/06/1840)


TEMPO DE RENOVAÇÃO

Há distintas perspectivas em relação ao significado do tempo e diferentes conceitos para o discernir.

O tempo terreno agrupado em dias, meses e anos, foi sofrendo alterações ao longo de diversas civilizações.

Para nós, habitantes da Terra, além do dia que começa com o nascer e termina com o pôr-do-sol, reconhecemos também o ontem e o amanhã. “Ontem” é passado que já findou e não pode ser alterado, e o “amanhã”, ou futuro, é uma incógnita.

Segundo a mui antiga tradição judaica, no “midrash” (onde encontramos as interpretações bíblicas compostas pelos rabis de antanho) é mencionado que antes da luz do primeiro dia existiu outro tipo de luz – a luz do saber.

A luz do primeiro dia era de tal modo brilhante que, no seu esplendor, era possível ver desde um dos extremos da Criação até ao extremo do tempo.

E tal era a sua intensidade que, quando Adão e Eva foram criados, nem repararam na luz do sol.

Num livro focado no misticismo judaico, de Lawrence Kushner, encontrei o seguinte, que dará que pensar a quem busque a elevação de espírito:

“A luz que o sagrado criou durante o trabalho de criação brilhou de um extremo do espaço ao extremo oposto do tempo, mas a seguir foi oculta. E porquê? Para que os perversos do mundo não estivessem em condições de a usar ou de estragar mundos sem conta.”

Observando o firmamento, meditando e ponderando acerca da incomensurável dimensão, confirmamos que nada sabemos acerca do poder do Altíssimo, e como somos ignorantes e insignificantes.

A nossa mente não consegue abarcar o tempo cósmico, nem ninguém consegue discernir a sua essência de eternidades onde não existe futuro nem passado.

Deparamo-nos então com uma única certeza – Deus é o Eterno Presente!

A natureza, criação Sua, pulula ao nosso redor com toda a perfeição, glória e pujança, renovando-se ininterruptamente. Enquanto isso, o ser humano, crendo ser tão inteligente e cheio de conhecimento, continua incapaz de saber o que nos irá acontecer nos próximos cinco minutos; nem tão pouco se apercebe de que milhões de células do nosso corpo renascem a cada minuto que passa.

É a Renovação constante de tudo o que É. Nada é estático, tal como sucede connosco, onde a morte não significa finitude, mas transformação.

Por isso, Jesus nos aconselha a não nos preocuparmos com o dia de amanhã, pelo facto de não termos poder algum sobre ele.

Se olharmos à nossa volta vemos que a Terra é influenciada pelas fases da Lua; desde as marés, aos ciclos de fertilidade, ao período de gestação de todas as espécies, e até na força vital que exerce quando uma nova vida vem ao mundo.

Com a Terra, verificamos uma renovação que ocorre ciclicamente por períodos e razões cósmicas que desconhecemos.

É um desses ciclos de Renovação com que nos confrontamos agora, após termos vivido o último século sem qualquer respeito pelo planeta que nos tem proporcionado o alimento para continuarmos a existir neste corpo tal como o conhecemos.

Em suma: É a aplicação do princípio universal da “causa e efeito”.

Acabámos de sair de um tempo de confinamento forçado – tempo no qual, queira Deus, muitos tenham aproveitado para meditar e aprofundar o seu pensamento nas verdades divinas; esmiuçando sem pressões de agenda ou tempo disponível, questões que surgem nessa busca.

Este confinamento imposto que nos manteve encarcerados em nossas casas, privados da liberdade para delas sairmos quando nos aprouvesse, tem sido uma situação inédita e imprevisível.

E como se isso não bastasse, fomos submetidos ao verdadeiro pesadelo dos media, criando um clima de terror com a campanha incessante do perigo de contágio.

Tal estado de coisas alterou comportamentos e causou desequilíbrios psicológicos a mentes mais frágeis, levando-nos a recear o contacto com o próximo; alterando o nosso comportamento social e forma de viver.

A Renovação passa por aprendermos a ser reverentes. Devemos aprender a sê-lo perante aquilo que acontece ao nosso redor, e do que observamos.

A reverência inclui respeito pelo divino que existe em nós, tudo o que nos rodeia, e do qual fazemos parte.

O tratado do Talmude, fólio 33b diz: “Tudo está nas mãos de Deus excepto uma coisa: ser-se ou não reverente.”

Esta parte fica ao nosso critério. É a única expressão possível para o livre arbítrio.

O tempo determinado pelo Homem é relativo e ilusório. Se estamos num local que nos é desagradável, parece que o tempo nunca mais passa; se estamos felizes e agradados, voa sem darmos por isso.

O mesmo se aplica a tudo na vida. Há tempos terrenos determinados, e tempos sem tempo que são espirituais.

Se alguém pela graça de Deus entra nele, quando se apercebe, perdeu a noção do tempo em que se manteve em comunhão com o Divino. Isso ocorre com os místicos e todos aqueles que amam a Deus acima de todas as coisas do mundo – o tempo, tal como o conhecemos, deixa de existir.

Renovação implica mudança de comportamentos, mas acima de tudo, mudança de sentimentos. Onde o velho se desvaneceu no “ontem” que não existe mais, para dar lugar a um “hoje” mais compassivo, cheio de amor e carinho por tudo e todos – reconhecendo que esse “tudo e todos” é obra do Altíssimo.

E para que essa Renovação possa acontecer nas nossas vidas, temos de sentir reverência pela Sua obra e pelo próximo, que são uma extensão de nós mesmos, reconhecendo a unicidade do Espírito Santo de Deus.

Que este desejo de Renovação renasça nos nossos corações, para que possamos sentir e pressentir a presença do Senhor Jesus mais forte no nosso eu interior e nas nossas vidas. Para que, perante qualquer vicissitude possamos estar em paz e segurança, afirmando com fé: “Digo ao Senhor: Tu és o meu Senhor; além de ti não tenho outro bem.” (Salmo 16:2)

Na certeza de que “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.” (Salmo 34:7)

Que o Todo-Poderoso nos cubra com o Seu divino manto e nos livre de todo o mal.

Relembrando uma oração judaica lindíssima, cheia de uma profundidade que nos conduz à interiorização do ser, que todos possamos sentir o Seu Amor ao dizer: “Meu Deus, a alma que colocaste em mim é pura. Tu criaste-a, formaste-a, insuflaste-a em mim. Que Tu ma conserves! És Tu quem a tomarás de mim. A quem eu a entregarei.”

Irmã Manuela


A PACIÊNCIA DO SENHOR PARA CONNOSCO

Nestes dias estava lendo este trecho da Escritura: “Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste vinho” (I Coríntios 11:28) onde somos convidados pelo Senhor a examinarmos as nossas vidas, e me levou a ver a minha relação com Deus desde pequeno e Ele vai permitir que partilhe convosco o meu próprio testemunho.

Na minha juventude estudei numa escola da Opus Dei onde fui eventualmente convidado a pertencer à sua obra, mas para a juventude o desejo de conhecer o mundo foi mais importante e decidi não entrar.

Quando tinha 21 anos tive um grave acidente de moto onde, entre outras coisas, rebentei os dois pulmões. Quando chegaram meus pais ao hospital, os médicos disseram-lhe que só tinha 5% de possibilidade de viver e só porque era jovem. Fiquei em coma por um mês e meio. Durante esse tempo não houve melhorias ou agravamento.

Naquele tempo em coma tive a seguinte experiência: Tudo estava escuro e eu estava deitado, sem cama. De repente, aos meus pés apareceu uma figura brilhante, jovem, que disse: “Não te preocupes que nada te vai acontecer.” Foi quando vejo que flutuou sobre mim e entrou nos meus pulmões.

Os médicos não puderam explicar o que tinha acontecido. De repente, os meus pulmões reagiram e recuperaram de tal forma que, numa semana, tinha saído da unidade de cuidados intensivos e já começava a andar.

Quando acordei do coma, a primeira coisa que disse foi que o meu avô (que se chamava Jesus) tinha entrado nos meus pulmões.

Depois da minha recuperação, a minha relação com o Senhor era ir aos domingos para a Igreja Católica e pouco mais e assim passaram os anos.

Passados 25 anos do acidente, um dia fui convidado para um culto numa igreja evangélica e devo dizer que foi incrível. O que o pastor partilhou foi o que aconteceu na minha vida.

Continuei a ir todos os domingos porque precisava de mais para conhecer o Senhor. Vi que agora tinha uma relação directa com o Senhor.

Depois de alguns meses, o pastor convidou-me a partilhar a minha experiência do coma com os irmãos da igreja. Quando a minha história acabou, senti uma voz dentro de mim que dizia: “Não te apercebeste que era EU?” Era como se o véu que cobria o meu entendimento se tivesse rasgado.

Quando cheguei a casa lembro-me que passei a noite inteira chorando, sem poder me consolar, pensando que tinha tido o privilégio de estar com o Senhor e não o reconheci. Lembrei-me imediatamente da passagem das Escrituras onde, após a morte de Jesus, os dois discípulos seguiram o caminho para Emaús e falaram com o Jesus ressuscitado e não o reconheceram. Naquele momento, vi que estava preparado para ser baptizado.

A semente que o Senhor plantara há tanto tempo germinou na altura certa.

Agora vejo, olhando para trás no tempo, que o Senhor sempre esteve comigo em todos os momentos. Ele orientou todo o meu caminho, e quando as pessoas dizem “que sorte”, eu vejo o meu Senhor a fazer a Sua obra.

Se as circunstâncias te oprimem, se nada parece sair, pára, analisa a tua trajectória e lembra-te do dia do teu baptismo, a imensa alegria que sentiste e olha o Senhor a operar na tua vida.

Tenho uma mensagem do Pai para vós: “O Senhor espera-vos de braços abertos para poder abraçar-vos.

Irmão José Luís Robledo

(Obra Social Refúgio Betânia – Espanha)



 
Leia A Bíblia
 

 
O Grande Evangelho de João
 

“A Luz Completa”
 
“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
 
anunciará o que há-de vir.” (Evangelho de João 16:13)
 
“Eis a razão, porque agora transmito a Luz Completa, para que ninguém venha a desculpar-se numa argumentação errónea de que Eu, desde a minha presença física nesta terra, não Me tivesse preocupado com a pureza integral de Minha doutrina e de seus aceitadores.
 
Quando voltar novamente, farei uma grande selecção e não aceitarei quem vier escusar-se. Pois todos os que procurarem com seriedade acharão a
 
verdade.” (O Grande Evangelho de João – volume I –)

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