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Agosto/Setembro de 2022


Ano XXVIII - Nº 99


Neste Boletim:







Disse Jesus:

Está escrito nos profetas:

Todos serão instruídos por Deus. Todo aquele que ouviu e aprendeu

do Pai vem a Mim.

(Evangelho de João 6:45)




A POBREZA E O AMOR AO PRÓXIMO


Na Escritura temos algumas orientações com respeito à pobreza e como o Reino de Deus na Terra – a Igreja activa no poder do Espírito Santo – poderá minimizá-la.

Sempre teremos os pobres, misturados com os outros mais afortunados, para que a necessidade e o amor ao próximo possam ser exercitados e desta forma o ser humano possa ser provado nesta Terra, demonstrando o seu amor ao semelhante; seja no receber (reconhecendo o afortunado a necessidade do pobre), seja na dádiva (demonstrando o afortunado alegria na partilha dos seus bens com o próximo).

Muitos têm tentado erradicar a pobreza, mas o resultado tem sido infrutífero. A razão está claramente demonstrada no Velho e no Novo Testamentos: “Pois nunca cessará o pobre no meio da terra; pelo que te ordeno dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra.” [1] Jesus avalizou esta afirmação, quando disse: Porquanto sempre tendes convosco os pobres… [2]

Assim sendo, devemos criar ao nosso redor um ambiente de partilha, de molde a podermos afirmar o que foi dito com respeito à Igreja Primitiva, da qual nos devemos aproximar o mais possível: “Não havia pois, entre eles, necessitado algum …” [3]

Embora a Escritura seja pródiga em afirmações sobre a pobreza e o amor ao próximo, é através da Nova Revelação Viva que podemos aprofundar o nosso conhecimento e consequentemente moldar a nossa existência face a este flagelo, que neste Final dos Tempos se está agravando, para no futuro dar lugar ao Grande Julgamento de Deus sobre os homens e a sua dureza de coração.

Embora nos possa chocar, a pobreza e a riqueza são essenciais para definirem os nossos caracteres aqui na Terra e nos prepararem para uma vida na Eternidade. É na forma como gerimos o nosso comportamento face a esta realidade que nos aproximamos ou afastamos de Deus.

Muitos pensam que o conhecimento bíblico chega, mas esse conhecimento, ao invés, torna-nos ainda mais responsáveis perante Deus: “Aquele pois que sabe fazer o bem e o não faz, comete pecado.” [4]

Deixamos que o irmão leitor possa ajuizar por si mesmo as palavras de Jesus, que vamos transcrever, extraídas da Nova Revelação Viva:

“O Senhor: Há no mundo quantidade enorme de perigos para a alma; a pobreza, por exemplo, cujas noções do ‘meu’ e do ‘teu’ se tornam mais fracas à medida que a miséria oprime a criatura. Por isso, não deixeis que ela se alastre, caso pretendais andar pelo Caminho certo.

Quem for pobre deve pedir auxílio aos seus irmãos abastados; caso não seja atendido em virtude da dureza dos corações humanos, deve dirigir-se a Mim que o socorrerei. A pobreza e miséria, porém, não justificam o roubo e muito menos o latrocínio. Quem, portanto, é pobre sabe o que fazer.

Embora seja a penúria uma grande praga para as criaturas, comporta ela o nobre gérmen da humildade e verdadeira modéstia, perdurando na Terra por tal motivo; todavia, não devem os ricos deixar que se expanda em demasia, porquanto acarretaria o seu próprio prejuízo, em vida e no Além.

Digo-vos: não necessitais transformar os pobres em ricos; somente não devem passar necessidades. Ajudai a todos que conheceis, de acordo com as vossas posses. Haverá no mundo um sem número de pobres, cujos clamores não ouvis; por isso, não são entregues ao vosso amor, mas apenas os que conheceis e que vos procuram.

Quem entre vós se tornar amigo dos necessitados, serei dele também Amigo e Irmão para todo o sempre, não precisando ele aprender a Sabedoria Interna com outrem, pois ser-lhe-á dada por Mim, em seu coração. Quem amar o seu próximo como a si mesmo, não o expulsando em virtude da sua posição e idade, será por Mim procurado, pois Me revelarei a ele. Transmitirei ao seu espírito o que é o amor, a Minha fidelidade, factor que tornará a sua alma plena de Luz. Tudo o que falar e escrever terá a Minha origem para todos os tempos.

A alma de sentimento endurecido será atacada por elementos perversos que a aniquilarão, tornando-a idêntica à alma animal, apresentando-se, desta forma, no Além.

Dai com prazer e fartura, pois, conforme distribuís, sereis recompensados. Um coração endurecido não será inundado pela Minha Luz da Graça, nele habitando trevas e morte com os seus horrores.

Um coração meigo e dócil facilmente será penetrado pela Minha Luz de natureza mui suave e benéfica, possibilitando destarte a Minha permanência com toda a plenitude do Meu Amor e Sabedoria. Acreditai nas Minhas palavras que são Vida, Luz, Verdade e Acção plenas, cuja realidade todos sentirão pela prática.


Este capítulo não carece de qualquer outro esclarecimento, nem tão pouco mais nenhuma explicação será necessária.


Façamos o bem a todos.

Fraternalmente em Cristo,

Irmão Egídio Silva




[1] Deuteronómio 15:11; [2] Mateus 26:11,

[3] Actos 4:34 [4] Tiago 4:17; [5] GEJ – IV – cap. 79




RECADOS DO PAI



As Minhas águas, tudo lavam. O dom do perdão insere em si a grandiosidade do amor. Muitos são os que dizem que perdoam, mas intrigam, ou instigam à maldade sobre quem deveria recair o perdão. Perdoar é um acto do Espírito; nem físico, nem psicológico, mas sim do coração. É olhar sem ressentimentos quem nos fez mal. É abraçar e integrar em nós quem de nós se afasta e ainda nos magoa.

Dizem que amor e ódio andam de mão dada e que quem muito ama, pode odiar; pois esta é a maior mentira que o homem usa para justificar aquilo que não é amor, mas sentimento de posse, excesso de amor-próprio e falta de capacidade para sofrer.

O amor anda, sim, de mão dada com o perdão. O ódio não existe no coração de um filho Meu. Quando se consegue atingir a capacidade de olhar para o outro com ternura, dedicação e entrega, começamos a aventura do amor. Só amo quando padeço com o sofrimento dos outros e me alegro com o seu bem-estar. Para chegar até aqui é preciso exercitar e alimentar em nós vários comportamentos que nos façam crescer diariamente em espírito:

O silêncio interior - quando conseguimos ouvir o nosso silêncio interior, ou seja, parar o pensamento do corpo e ouvirmos a nós mesmos, sem ruídos no nosso cérebro e conseguimos dialogar com o nosso coração, então aí, estamos no caminho do Pai, na senda da Verdade.

O amor aos outros – quando conseguimos perceber que o nosso amor-próprio nada vale sem a nossa humilhação total acontecer, sem nos destruir, ou seja, temos de ter consciência que o nosso valor enquanto pessoas só existe quando sabemos que para Deus somos importantes, mas sempre na mesma medida da importância e da forma como nos dedicamos aos outros.

Na humilhação cresceis. Na entrega vos fortaleceis. Na dádiva fortaleceis o espírito e assim nasce o amor verdadeiro que é Amar através de Mim e em Mim.

Só vindo a Mim conseguis amar verdadeiramente. Só ausentando-vos do amor terreno conseguis sentir o amor verdadeiro e o amor da procriação.

Quando se ama assim, sofre-se com os outros; e esta dor, por si só, é uma forma de intercessão, é uma dádiva dos Céus para o equilíbrio da Terra. O sofrimento leva a querermos mudar, leva-nos a procurar o Pai em oração e a moldar formas de agir e sentir. Sofrer é limpar a alma.

Só assim surge o perdão. Quando adquirimos a capacidade de reflectir no nosso silêncio, colocamo-nos no lugar do outro, vivendo as suas tentações e limitações, percebendo e sofrendo por essa pessoa.

Aqui conseguimos perceber as motivações dos outros e aceitar o que de mal nos fizeram e devolver ao mundo o que é do mundo e resgatar para os Céus o que é de Deus.

O Filho perdoou através do Pai. Vós aprendereis a perdoar, se chegardes ao Pai através de Mim.

Em tudo o humilde é grande, porque na entrega tudo faz. Vós, Meus filhos, quando vos entregais em Amor e em perdão a quem vos magoa e maltrata, estais a entregar-vos a Mim e Eu faço a obra. Um irmão que vos magoa e a quem vós vos humilhais vai sentir estranheza na vossa atitude e vai pensar. Este é o primeiro passo para mudar. Ao reflectir a razão do teu comportamento ele vai sentir-se mal, vai começar a ter sentimento de culpa porque em nada te pode criticar; nem na tua reacção ele se pode desculpar, porque ela foi de perdão e não de condenação. Desta forma, a emoção do Amor começa a mexer dentro do coração impuro e maldoso. Os maus querem violência de espírito e quando lhes damos a sua essência, o Amor, eles não sabem como reagir.

Na perda e na desorientação tendemos a correr ao Pai. Por isso, ao nos humilharmos, ao perdoarmos, estamos a elevar o nosso espírito. Estais a perdoar e esse é o caminho de Deus que ajuda a salvar, e cada alma que se ajuda é um passo largo vosso, para os céus.

Quando beijais um pobre, a Mim me beijais; quando confortais uma criança é a Mim que embalais; quando vos humilhais a uma alma é no Meu coração que entrais e o Meu brilho se intensifica em vós.

Por isso, Meus filhos, quando Me humilhei naquele percurso de dor e dei a outra face, Eu vivi tudo aquilo que vós hoje sentis. E por isso vos digo, nenhuma peça de ouro é moldada se não passar pelo fogo que a amolece e prepara. Eu sou o vosso fogo. Eu sou o vosso Pai. Caminhai para Mim na humilhação e no perdão e Eu encherei o vosso coração de Amor.

Em cada irmão aprendei a ver o Meu rosto e agi não para ele, mas para Mim; pois quando fiz a Terra, toda a Minha vontade estava expressa no Amor que tenho aos Meus filhos. Fi-la no Amor, na Sabedoria e com a força do Meu Espírito. Sete dias trabalhei sem descanso e fiz o homem neste paraíso em que caminhávamos de mãos dadas. Em tudo conversávamos e tínhamos uma ligação directa entre nós. Hoje a mesma ligação existe para aqueles que Me buscam. Mas quando digo: Me buscam, não são os que oram ou rezam, os que vão aos cultos e Me procuram no sofrimento. Eu falo com aqueles que dizem que Me amam todos os dias que o Sol nasce. Aqueles que bendizem o Meu nome a cada passo que dão, pois esses sim, são Meus verdadeiros filhos.

Eu não quero clausura e orações fechadas, Eu quero vida e súplicas permanentes e verdadeiras ao Pai. Quero que ao orardes, os vossos gemidos cheguem a Mim, para que, tal como uma mãe sofre e socorre o seu bebé quando chora, Eu vá em vosso socorro quando pedis. Nessa altura o Meu coração se aperta e em tudo vejo o que precisais. Pedi, dar-vos-ei. Mas pedi com fé e sensatez e esperai na paciência, na entrega e no amor.


***


EXCERTOS D’O GRANDE EVANGELHO DE JOÃO




«Digo-lhe: Se cresses integralmente e possuísses a convicção íntima, Eu nada poderia contrapor, caso Me adorasses como vosso Deus, de modo justo; mas como ainda não possuís uma condição espiritual, far-Me-ias uma idolatria idêntica à dirigida a qualquer pessoa ou imagem.

Quem deseja adorar a Deus de modo verdadeiro e útil, deve primeiro reconhecê-Lo no seu coração, aprofundar-se espiritualmente na Verdade e no Amor, para então dar-Lhe honra e adorá-Lo em plenitude. De contrário, usará idolatria horrenda com a Própria Divindade.

Como pode alguém adorar o Deus Único e Verdadeiro com dignidade e eficiência, se apenas O conhece por ouvir falar? Que diferença haverá neste caso, entre a adoração de Deus ou de um ídolo? A verdadeira adoração do Deus Único consiste no amor para com Ele e para com o próximo. No entanto, quem poderia amá-Lo sem jamais O ter conhecido?

Poderia um jovem apaixonar-se por uma jovem que nunca visse? E mesmo imaginando-a e se esforçando por amá-la, é um tolo e empregará o amor-próprio no último grau, o que representa um horror para Deus.

Por isso, toda a adoração de um ídolo é a maior tolice e cegueira dos homens que, finalmente, também se julgam merecedores de culto alheio, deixando-se homenagear e adular, – com que Satanás triunfa em seus corações. Porém, ai dos idólatras presunçosos! O seu destino será mui triste, pois tal orgulho é verme que nunca morre e fogo que jamais se apaga!

Afirmo-te constituir prazer para Satanás a possibilidade de afastar os ignorantes da Ordem Divina, através do orgulho enraizado neles; quando um dia chegarem ao Além como discípulos seus, ele os desprezará, enfileirando-os no grupo dos servos mais ínfimos e desprestigiados, onde terão de permanecer eternamente, segundo a má vontade do chefe. Satanás, como príncipe das trevas, faz com que as criaturas aqui sejam exaltadas a deuses para humilhá-las no Além como monstros abjectos.

No entanto, Deus exige aqui um coração compreensivo e humilde, a fim de exaltá-lo e fazê-lo feliz. Contudo, tal poder será tirado de Lúcifer, e as criaturas poderão agir em completa independência, pelo que as boas resplandecerão, enquanto as más se hão-de aprofundar mais e mais no inferno. Assim, a sua maldade não será creditada a Satanás, mas em sua própria conta e a perseguição por parte dos demónios será pior.

Por isso constitui primordial dever do homem procurar a Deus em espírito e verdade, de coração humilde, e só quando O tiver achado poderá adorá-Lo, também em espírito e verdade. A oração mais importante consiste em que uma criatura humilde permaneça humilde e ame o próximo pela acção, mais do que a si mesma; a Deus, porém, como Pai Verdadeiro de todas as criaturas e anjos, acima de todas as coisas!

Ninguém, entretanto, poderá amá-Lo em sua carne pecaminosa, odiando o seu irmão; pois como poderia ele amar Deus a quem não vê, não amando o próximo, que lhe é visível? Não basta afirmar-se: Amo o meu semelhante e trato-o com amabilidade, pois o verdadeiro e único amor meritoso diante de Deus deve consistir em obras espirituais ou materiais. Tal amor é a chama milagrosa para a Luz Divina no próprio coração.

Digo-te, bem como aos teus colegas: se não tivésseis encontrado a chave dourada e aceite em vosso coração, nunca teríeis chegado aqui. Começais a pressentir o que isto representa, embora enfrentando o temporal da Natureza, e o futuro vos conduzirá à Luz Verdadeira. Quando Me tiverdes reconhecido plenamente, sabereis se Me deveis adorar ou não.»



A VERDADEIRA ADORAÇÃO


«Digo Eu: O Meu Templo está em toda a parte, mormente no coração dos homens que acreditam em Mim, Me amam acima de tudo e cumprem os Meus Mandamentos. Observa a Terra com tudo o que comporta, e igualmente o Firmamento. Eis o Meu Templo, construído por Mim Mesmo. Por isso não necessito de outro, feito por mãos humanas. Se acreditares ser Eu o Senhor, afasta-te dos ídolos e templos feitos pelos homens. Se os construtores prometiam certas vantagens aos homens que lhes traziam oferendas, não têm tanto poder de fazer nascer a mais simples plantinha de musgo, qual seria o poder dos seus deuses e templos?

Possuem os sacerdotes um poder maldoso, quer dizer, do embuste e instigação da pior superstição, poder que deriva do chefe dos diabos, que por meios ocultos sabe obscurecer os corações das criaturas, a fim de enriquecer e aumentar o seu reino.

Ai dos que sabem não haver verdade em seus ensinos, entretanto conduzem os homens às trevas, para trabalharem em benefício deles e com as suas oferendas lhes proporcionam vida descansada e confortável. Digo-vos: Apiedar-Me-ei dos seduzidos, mas nunca dos sedutores. Sabem o que fazem, enquanto os outros o ignoram.

Tu mesmo nunca acreditastes em um dos deuses, todavia obrigastes aos homens a crerem em fábulas dos antigos. Se te quiseres salvar da perdição, vira as costas aos deuses e ensina aqueles que por ti foram traídos, a respeito do Deus Único e Verdadeiro, que deste modo poderás participar do Meu Reino, que não é deste mundo, mas do além, do qual não tens conhecimento.

Responde o sacerdote pagão: Ó Senhor, Mestre e Deus, isto será um trabalho penoso! Os homens estão demasiadamente compenetrados da realidade dos deuses. Se começarmos a ensinar o contrário, seremos perseguidos e maltratados.

Digo Eu: Se crerdes em Mim, tal fé vos dará a força que vos auxiliará a realizar o impossível.

Obsta o sacerdote: Tivemos prova, nada ser impossível à Tua Omnipotência. Poderias, portanto, destruir os nossos templos em um só momento. Assim não seremos responsáveis perante o povo, podendo mais facilmente dirigir-nos a ele. Há muitas testemunhas importantes que poderiam dar o seu parecer a respeito.

Digo Eu: Isso seria possível, entretanto é melhor ensinardes primeiro o povo, que porá mãos nos templos e nos bosques que os circundam, pois são apenas matagal sem viço.

Opina ele: Mestre, Senhor e Deus ...

Interrompo: Se queres falar Comigo, trata-Me apenas por Senhor e Mestre. Deus serei somente quando perceberes no íntimo o que seja a Divindade. Podes prosseguir.

Diz ele: Como surgiram todos os deuses? Não me refiro aos pequenos e semideuses, tampouco às deusas. Mas deve haver algo atrás dos deuses principais, venerados até pelos antigos egípcios. Tu, certamente, serás a causa disso.»


(O Grande Evangelho de João – III – 200 – X – 191)




A LUVA


Ben, com oito anos de idade, era o primogénito de um grupo de três filhos de um casal de crentes naturais dos EUA.

Todos haviam herdado hemofilia da sua mãe que sofria dessa enfermidade. Mas desde crianças que lidavam com o problema de forma natural, sem que se sentissem diferentes dos outros meninos, quer na escola, quer com os seus amigos e primos com quem brincavam, com a alegria e vivacidade própria das crianças felizes.

Os seus familiares combinaram fazer uma reunião de família e passar um fim-de-semana juntos. Nevava. Mas a neve representava uma forma de diversão para os pequenitos.

Numa corrida de prancha, o Ben feriu-se e começou a sangrar. Imediatamente foi tratado pela mãe que levava sempre consigo o antídoto necessário para tais eventualidades.

O resto do fim-de-semana decorreu normalmente com o alarido e contentamento próprio da ocasião.

Durante a viagem de regresso a casa, o Ben começou a queixar-se de fortes dores de estômago, alarmando os seus pais. Esse foi o início de um processo inusitado para os médicos que não conseguiam descobrir o que se passava de errado com a criança.

Inicialmente consideravam tratar-se de um vírus alojado no estômago, mas como as dores eram constantes, deixando-o prostrado, sem forças e a perder peso. Após um conselho médico onde todo o tipo de exames foram efectuados por diferentes especialistas, descobriram que o Ben tinha contraído SIDA, deixando os médicos atónitos sem saber como tal era possível.

Era o primeiro caso registado numa criança em todo o país, sabendo que vivia protegida num lar de crentes no Senhor Jesus.

Estamos a falar dos anos noventa, onde não havia cura para algo tão assustador que era uma sentença de morte a curto prazo.

O diagnóstico foi devastador – no máximo teria um ano de vida.

A sua mãe com o coração dilacerado, desdobrou-se para proporcionar aos seus dois filhos que tinha em casa saudáveis e irrequietos, e o Ben no hospital, uma vida o mais normal possível.

Só o amor ao seu filho e a fé em Deus, sua rocha no meio de tal provação, a capacitavam para enfrentar o desfecho garantido.

O pai do Ben não conseguia lidar com tal situação. O dinheiro escasso e o trabalho duplicado até à exaustão não eram suficientes para pagar as despesas do hospital.

Mas acima de tudo, o que lhe doía mais era a revolta e o sofrimento calado que sentia perante a certeza de que ia perder o seu primogénito e filho adorado.

Era um tormento demasiado difícil de enfrentar.

Procurou aconselhamento junto do pastor da igreja que conhecia o casal desde jovens.

E explicou-lhe o seu dilema: Como poderia preparar o filho para a morte?

Como explicar ao filho que só tinha um ano de vida?

Mas o pior era, como poderia preparar o filho para a morte, quando nem eles próprios sabiam se ele chegaria a completar os nove anos de idade?

E o sábio conselho do pastor foi o seguinte: “Ora a Deus para que te inspire. Para que saibas a forma como poderás preparar o teu filho para morrer em paz e deixar este mundo, sabendo que só a carne perece.”

Entretanto, o menino na cama do hospital continuava suportando a sua agonia.

Dizia à mãe que queria ir para casa. Ela explicou-lhe que havia tratamentos que só ali poderiam ser-lhe administrados. Mas quando ele sentisse que de um a dez, as suas dores tinham atingido o nível oito, ela o levaria para casa para ficarem juntos e em família de novo.

E assim aconteceu. Quando as dores atingiram o número limite suportável acordado, e as suas forças iam-no apagando inexoravelmente, a mãe levou-o definitivamente para casa.

Um dia, estando todos reunidos na sala de estar, com o Ben recostado sobre a mãe e os irmãos ao seu lado, o pai entrou na sala e sentou-se diante deles com uma luva para ser calçada na mão direita.

Então virou-se para o filho e explicou-lhe o seguinte:

Vês esta mão e o braço direito? Esta mão representa o espírito que vive em nós e é eterno. Tem vida própria.

A luva representa o nosso corpo. Quando a mão (o espírito), entra na luva (o corpo), passam a funcionar em uníssono, como se fossem um só. A luva e a mão estão juntas, sem nunca se separarem.

Mas quando descalças a luva, a tua mão (o espírito) continua a viver porque é eterno e nunca morre.

Entendes o que quero dizer?

O menino olhou-o nos olhos, e suavemente respondeu-lhe como num sussurro, tendo interiorizado o que o pai lhe havia dito: Eu sou a luva!

Ele entendeu que ainda que o seu corpo fosse deixado para trás, o seu espírito, não morreria jamais.

À medida que o tempo do fim se aproximava, Ben ia ficando mais confortado com a certeza que traz a paz, de que continuaria vivendo para sempre. O que

deixaria ficar era apenas o seu corpo (a sua luva) na Terra.

Entretanto tinham-lhe montado uma cama no rés-do-chão para que ele pudesse sentir a vida quotidiana da casa, ao invés de ficar isolado no seu quarto.

Uma manhã, os seus pais foram acordados por um grito do filho e acudiram de imediato.

Ele sentia o vislumbre de uma luz que vinha na sua direcção.

Os seus pais disseram-lhe que o amavam e amariam para sempre. Que nunca seria esquecido pois vivia nos seus corações.

A sua mãe, suavemente foi-lhe dizendo que não tivesse medo, pois a Luz estava ali para o acompanhar na sua passagem. Ele que fosse ao encontro dela sem receio.

O Ben seguiu a orientação da sua mãe, e assim partiu para a Luz da eternidade na Paz do Senhor.

Esta é a narrativa de um filme que vi um dia, e por ter-me tocado profundamente senti o desejo de o compartilhar convosco.

Não sei qual era o título. E por mais que posteriormente tenha tentado saber, jamais consegui encontrá-lo no YouTube. Mas ficou gravado em brasa no meu coração.

Primeiro, pela forma como os crentes devem orientar e guiar não só aqueles que mais amam, mas a sua própria vida, por forma a tomarem consciência plena de que para além deste corpo de carne perecível, temos uma alma e um espírito que não conhece a morte porque são eternos. Transmutamos de um corpo denso e pesado para outro que nos permite viajar pelo infinito por toda a eternidade.

Na certeza de que, a bem da verdade, os nossos corpos humanos são apenas uma “luva” que a centelha Divina penetra e dela faz parte, agindo e movimentando-se como sendo um só, por um breve momento, para logo se desprender dela e continuar a sua caminhada espiritual sem fim.



Irmã Manuela




UM POUCO DE HISTÓRIA



RELÍQUIAS


Quem não se lembra do livro de Eça de Queirós, “A Relíquia”? Trata-se de um texto extraordinário, parodiando a religião dessa altura e brincando com assuntos sérios para a Igreja Católica.

Mas antes de entrar no artigo propriamente dito vamos ver o que significa relíquias.

Para a Igreja Católica, as relíquias dividem-se em três categorias: partes do corpo de um santo; qualquer objecto que lhe pertencesse ou fez parte do seu suplício; e exemplares que tocaram o santo ou objectos a ele pertencentes. Não existe uma hierarquia de importância, mas estas aqui tratadas são aquelas que mais atraem os fiéis, turistas ou simples curiosos.

Existe abundância de relíquias no que diz respeito a ossos, unhas ou cabelos.

Mas as relíquias não são só de santos.

Tem passado despercebido um pedido da parte do Brasil para que Portugal, ou melhor a cidade do Porto, permita que uma relíquia depositada na Igreja da Lapa vá de viagem até aquele país: o coração de D. Pedro IV de Portugal, ou D. Pedro I do Brasil, doado pelo próprio à cidade invicta por seu desejo. Esta doação foi feita no ano de 1834.

No próximo dia 7 de Setembro, o Brasil vai celebrar 200 anos da sua independência pelo que pediram à Irmandade da Lapa e à Câmara Municipal do Porto (entidades que tem à sua guarda esta relíquia) que o coração que está depositado na igreja portuense do mesmo nome fosse enviado para esse país aquando da comemoração do evento citado. O pedido foi aceite.

Não se trata de uma relíquia de um santo, mas não deixa de ser um facto muito curioso.

Nos lembramos que também no século 19 o missionário, médico e explorador escocês, David Livingstone, quando morreu em África, os naturais da região enviaram o seu corpo para Inglaterra, mas o seu coração ficou naquele continente. Livingstone era um defensor dos direitos dos negros, bem como um anti esclavagista ferrenho e contra o tráfico de escravos.

Como podemos ver, relíquias não são apenas porções de corpos de santos, nem sempre venerados por religiosos, mas por admiração daqueles que viveram e conviveram com pessoas cujas vidas foram dadas em prol de outros povos ou culturas.

Todavia, quando falamos de relíquias inconscientemente vêm à nossa mente os cristãos católicos. Sem dúvida que são eles que mais relíquias têm e mais as veneram. E esta veneração ou mesmo adoração vem praticamente desde a fundação da igreja.

Juntamente com as imagens, as relíquias, tinham inicialmente como objectivo um valor meramente propedêutico. Mas como tudo na vida, começa-se com uma intenção e depois essa intenção desvia-se e toma rumo em outras intenções. E a Igreja Católica, neste caso em particular, em vez de acabar com esta idolatria, fomentou-a; inclusive incentivou uma guerra santa para ver quem tinha mais e melhores relíquias.

As relíquias ganham muita importância quando são veneradas pelas pessoas. Não se trata apenas do coração (caso de D. Pedro IV ou de Livingstone) ou de ossos (caso, um entre muitos, de São Frutuoso que falaremos mais abaixo). Ultrapassa em muito apenas o conteúdo físico. Existe uma enorme aura de devoção por parte de pessoas de todas as classes sociais. Ultrapassa fronteiras.

É claro que na maior parte das vezes é utilizado em contexto religioso. Todavia, existe, como atrás foi referido, um contexto profano.

Só a título de exemplo: em 1102 (Portugal ainda não existia como nação) foi roubado da igreja de Braga (que já era arquidiocese) o corpo de São Frutuoso (considerado santo pela igreja, portanto, uma relíquia) e levado para Santiago de Compostela, nesta altura uma diocese em ascensão. Só em 1990 (mais de oito séculos depois) é que os restos mortais do referido santo foram devolvidos a Braga onde está sepultado na igreja de S. Francisco de Real. Foram oito séculos de intensas negociações para que este assunto ficasse resolvido. Quantos mais há para resolver!

Já imaginaram se se soubesse onde estavam sepultados Moisés, Paulo e demais apóstolos? Não só as romarias seriam imensas como com certeza partes dos seus restos mortais teriam desaparecido.

As relíquias (leia-se pedaços de madeira) alegadamente provenientes da cruz onde Jesus foi crucificado dariam para muitas cruzes, tal a quantidade delas que foram espalhadas por esse mundo cristão fora. Ossos e partes do corpo de santos, nem se fala.

Como estudioso de História, apenas quero cingir-me aos factos e ser o mais imparcial possível. Não tenho a mínima intenção de criticar seja quem for por causa da sua fé ou atitudes. Cada um é livre de crer e aceitar aquilo que ache que tenha mais proveito para a sua vida espiritual. Por isso citei alguns exemplos de relíquias sagradas e profanas.

Porque se veneram as relíquias sagradas? Um historiador português diz que “a relíquia é uma tentativa de perdurar fisicamente algo que já não está presente”. Realmente é isso que faz com que milhões de pessoas tenham uma devoção pessoal por essas mesmas relíquias. Pessoas de todas as classes sociais.

Apenas para conhecimento: a palavra relíquia tem origem na expressão do latim que significa “aquilo que sobra”.


Irmão Tomaz Correia



LUGAR À POESIA



João 10:1-6

“… e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (v. 4)


A Tua voz está gravada no meu endocárdio.


Ouço-a através de todas as camadas do meu corpo

Sim, o meu corpo.

Que é como quem diz um búzio,

nebulosa de todo um oceano,

maresia

e vento

desenrolados na gruta de um ouvido.

Sim, Tu habitas-me.

Sou tabernáculo,

tenda, cortinas, placas.

Que é como quem diz ossos, músculos

e vasos, pele.

O Teu nome jorra-me no sangue,

Sinto-o em convulsões sôfregas

na aorta.

Tenho sede.

A Tua voz responde

que beba o copo de água

pousado em cima dos pulmões

E que coma também

um pouco de pão

(da proposição,

reservado apenas aos sacerdotes).

Na planta

concebeste aurículas, ventrículos

e o Lugar Santíssimo.

A arca transporto-a

no autocarro,

sinto-a pulsátil no recreio,

inclino-me e pesa-me no peito.

O ruído das máquinas que trabalham

diz que não te ouve, que não existes.

Eu sei porquê.

É que elas não têm um coração de carne,

um ouvido íntimo da Tua voz

que as guie mansamente a águas tranquilas

e as faça deitar em verdes pastos.

Irmã Abigail Ribeiro




Leia A Bíblia e  ‘O Grande Evangelho de João



“A Luz Completa

Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há-de vir.” (Evangelho de João 16:13) Eis a razão, porque agora transmito a Luz Completa, para que ninguém venha a desculpar-se numa argumentação errónea de que Eu, desde a minha presença física nesta terra, não Me tivesse preocupado com a pureza integral de Minha doutrina e de seus aceitadores. Quando voltar novamente, farei uma grande selecção e não aceitarei quem vier escusar-se. Pois todos os que procurarem com seriedade acharão a verdade.

(O Grande Evangelho de João – volume I –)


--Imagens de wix, freepick e pixabay--

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