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Junho 2020


Ano XXVII - Nº 76

76-Ano XXVI-AVB-JUNHO de 2020
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Neste Boletim:


  • A Carne para Nada Aproveita;

  • “Recados do Pai”;

  • Excertos d’O Grande Evangelho de João;

  • Dádivas do Céu;

  • Renovando a Unção.



A CARNE PARA NADA APROVEITA

O que vulgarmente chamamos de “carne”, identificando o nosso corpo e todas as tendências instintivas que através dele se manifestam, nada mais é do que a matéria que um dia vai perecer, libertando tudo aquilo que em nós é espiritual e eterno e que estava enfaixado por ela.

Precisamente por isso, Jesus valoriza sobremaneira tudo o que é espiritual em detrimento do que é material. Eis a Sua afirmação: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” [1]

E o Senhor disse, certa vez, sobre tudo o que é perecível ou material, tão visível e palpável com os nossos sentidos físicos: “Toda a matéria limitada pelo espaço e pelo tempo só pode ter um fim temporário.” É precisamente por sabermos que a nossa vida física tem um fim – tem um tempo limitado - que devemos aproveitá-la para desenvolver em nós todos os atributos espirituais que de certa forma possam “espiritualizar” a nossa carne ou o que é material na nossa existência.

O apóstolo Judas enfatiza, na sua carta, que a carnalidade é algo repugnante quando não é subjugada ao espírito e que devemos alertar os demais para esse facto: “E salvai alguns arrebatando-os do fogo; tendo misericórdia deles com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne.” [2]

Pelo exposto podemos alegar que devíamos linearmente rejeitar tudo o que é do mundo e nos refugiarmos num eremitismo, mas não é assim; tudo tem a sua medida, e o Senhor definiu-o de forma clara, quando disse: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Usando uma simples moeda, Ele separou o material do espiritual.

Embora o corpo carnal seja um empecilho à nossa espiritualidade pelas limitações que impõe ao espírito, Jesus para nos redimir teve de se sujeitar a tornar-se carne, tomando um corpo idêntico ao nosso. Ele mesmo nos dá uma explicação sobre o porquê de haver nascido e vivido entre nós, Suas criaturas e também Seus filhos, quando respondeu a alguém que Lhe perguntou: “Quando se dará a nossa Salvação?

Eis o que Jesus disse: “Justamente agora, pois Eu mesmo abençoei toda a matéria pela Minha encarnação na velha praga. Termina, assim, a antiga ordem dos Céus de outrora, estabelecendo uma nova organização e um novo Céu, na base da matéria por Mim abençoada, e todo o Universo, incluindo esta Terra, receberá uma nova organização. Pela ordem antiga, ninguém podia penetrar nos Céus, havendo passado pela matéria; de agora em diante, pessoa alguma poderá ser transportada ao Céu mais elevado e puro, sem haver passado pelo caminho da matéria e da carne, como Eu.

Quem, a partir de agora, for baptizado em Meu nome, com a água viva do Meu amor e com o espírito da Minha doutrina, na força e acção, terá apagado para sempre o pecado original. O seu corpo deixará de ser um antro de pecados, para se transformar num templo do Espírito Santo.” [3]

Munidos deste conhecimento podemos mais facilmente analisar aquilo que o Pai nos transmite no ditado que escolhemos para este boletim.


E sois vós, parte de Mim em perfeição, que Me ides ajudar a combater essa centelha que reside no corpo de cada ser. Toda a matéria é oca de amor e precisa de se converter totalmente em espírito para se integrar em Mim e chegar aos Céus, imaterializada, junto com o espírito de cada um que sou Eu em vós.


Quando o Senhor diz que em nós existe uma parte Dele em perfeição, Ele está a lembrar o que sempre afirmou ao longo da Escritura: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” [4]

Há algo dentro de cada um que nenhuma força espiritual pode tirar, que é a centelha divina em nós; se temos um corpo físico, também temos uma alma eterna e um espírito que nos foi dado por Deus, tornando-nos Seus “iguais”, criados à Sua imagem e semelhança.

Quando, por luta contínua, conseguimos sair vitoriosos sobre os instintos que afloram da nossa carnalidade, o Pai diz que estamos a ajudá-Lo a converter (transformar) a matéria em espírito, levando por arrastamento a alma a unir-se mais e mais ao nosso espírito, e estes - alma e espírito – a unirem-se ao Espírito Santo de Deus, que quer comandar toda a nossa existência.

Assim, quando terminarmos a carreira que nos foi proposta nesta Terra, uma parte de nós já habita pela fé na esfera celestial e pode ter experiências que transcendem a matéria; tomemos como exemplo a experiência de Estevão, quando disse: “Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus.” E também Paulo, quando fala da sua experiência: “Conheço um homem que (…) foi arrebatado ao terceiro céu.” (Actos 7:56; II Coríntios 12:2)

O Senhor dá-nos directrizes para alcançar este patamar. Todos nós estamos munidos de sentidos físicos que nos capacitam a viver neste mundo; mas o Senhor diz que existem os mesmos sentidos espirituais, que nos permitem viver também no mundo correspondente, sendo sensíveis à sua existência. Nunca esqueçamos que só podemos chegar a Deus através do espírito, como foi dito à mulher de Samaria: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” [5]

Infelizmente o homem, pela sua natureza e por educação, está mais voltado para o mundo, desenvolvendo somente os sentidos físicos. No entanto, existe em nós uma voz interior que nos chama para o Alto e nos lembra o efémero da vida; chamemos-lhe “a voz da consciência” que está ligada ao conhecimento do bem e do mal, com que Deus muniu a raça humana.

Usando esta faculdade, tudo vai depender da nossa opção, usando o livre-arbítrio que Deus respeita escrupulosamente – optar pelo bem ou pelo mal; diríamos: optar pelo material ou pelo espiritual.

Eis o conselho que o Pai nos dá para podermos sair vitoriosos desta luta, o que só conseguiremos se estivermos ligados ao Senhor - “Sem mim, nada podeis fazer.


Ele vos manda ordens de várias formas subtis e erróneas, mas estai atentos e vigiai porque no Meu Espírito vós sentis o cheiro da tentação. Continuai no caminho da caridade, estreito mas Meu.


Actualmente todo o mundo usa os meios informáticos tão atractivos e também tão úteis; mas esses meios são manipulados por milhões de pessoas de bom e de mau carácter; cada um transmite os seus pretensos saberes, e nesse emaranhado surgem muitas vezes as falsas informações (fake news). Se não houver conhecimento dos factos e discernimento, podemos ser levados por caminhos obscuros que certamente nos prejudicarão. Ora o mundo espiritual das trevas está muito mais avançado nestas “técnicas”. Por isso nos é dito: “Ele vos manda ordens de várias formas subtis e erróneas…”. É precisamente o Espírito Santo que nos vai alertar para rebatermos e fugirmos de tudo que é falso, não permitindo nunca que a carne prevaleça sobre o que é espiritual em nós.

Paulo e milhares de outros o conseguiram; então, porque não nós? Façamos nossa a experiência do apóstolo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim, e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” [6]

Fraternalmente em Cristo Jesus,

Pr. Egídio

[1] João 6:63 [2] Judas 23 [3] O Grande Evangelho de João – IV – 109:2-4

[4] I Pedro 1:15:16 [5] João 4:24 [6] Gálatas 2:20



RECADOS DO PAI

Na luz do Meu Espírito se constrói o ontem e o amanhã numa ilusão humana que é o sempre em eternidades criada por Mim.

O holocausto é só um momento de retorno às origens, ao amor incondicional de Deus Pai sobre os Seus filhos que merecem a plenitude do bem quando em entrega e em perfeição se conjugam e penetram no Meu Espírito por amor maior ao Pai.

Tudo Eu determino, mas na continuidade dos tempos surge o pecado que é preciso redimir e a força do inimigo que se revela no Meu filho pródigo através da inveja, do ódio e da rebelião. Na determinação da vida como um prolongamento do Meu ser e da Minha força não pude deixar de lado a centelha do mal; ela tinha que se revelar para ser resgatada pelo bem. E sois vós, parte de Mim em perfeição, que Me ides ajudar a combater essa centelha que reside no corpo de cada ser.

Toda a matéria é oca de Amor e precisa de se converter totalmente em espírito para se integrar em Mim e chegar aos Céus, imaterializada, junto com o espírito de cada um que sou Eu em vós.

A vossa missão, filhos, permanece e cada dia que passa é um milésimo de perfeição em vosso espírito. A alma se eleva, o corpo se rebaixa ao poder e grandeza do Espírito em vós.

Tudo é possível na força da fé. Já fostes mais fortes, já fostes mais fracos, mas a fé é trabalhada na oração e no Meu poder em vós. É como a força do Sol em vós - quanto mais vos colocais ao Sol, mais ele vos aquece. Quanto mais pensardes em Mim, mais o Meu Espírito vos penetra e mais poder Eu vos concedo pela força da fé.

Estais no caminho e ireis permanecer porque o vosso caminho não tem retorno, mas atentai sempre à provocação do inimigo e não cedeis aos seus recados. Ele vos manda ordens de várias formas subtis e erróneas, mas estai atentos e vigiai porque no Meu Espírito vós sentis o cheiro da tentação. Continuai no caminho da caridade, estreito mas Meu, e Me alegro por terdes finalmente encontrado o lugar que Me apraz abençoar, para daí sair trabalho e obra Minha.

Nem todos os meus filhos nesse Meu núcleo de fé partilham do mesmo poder e da mesma bênção, mas todos são Meus filhos sem excepção. O que os diferencia é o estádio de desenvolvimento do espírito. O pecado é em todos vós presente, mas em nuances de tonalidade fraca e cada vez mais ténue. Engrandecei em Mim em espírito e em verdade, a verdade que a Minha Palavra encerra.

Na obra que vos espera existe um tempo de espera, um tempo de execução e um começo. O começo já foi, a execução está a caminho e em vós é tempo de espera, para poderdes estar no ponto de entrega e de dádiva que Eu quero e que preciso.

Continuai a caminhada na fé que sou Eu e na oração. Eu permaneço em vós no Meu amor e protecção. Eu vos amo e vos protejo e abençoo a obra.

Amém.

 

EXCERTOS D’O GRANDE EVANGELHO DE JOÃO

O SURGIR DA MATÉRIA

(O Senhor): «Quando, antes de se originar todo o ser, projectei as Minhas ideias maturadas como espíritos, e os cumulei da Minha Força, de sorte que começaram a pensar e a querer, preciso foi que lhes fosse demonstrada uma ordem pela qual deveriam aplicar o seu livre arbítrio, a fim de serem capazes de agir livremente, incutindo-lhes a tentação do não cumprimento da ordem estabelecida. Somente esta tentação lhes facultava uma verdadeira sensação de vida, pela qual chegavam a deduções, preferências e à vontade firme de agir.

Fácil é compreender-se que entre os primeiros espíritos surgisse certo joio; portanto, a tentação de muitos os desequilibrou, endurecendo-os nesta tendência crescente e formando desse modo a base para a Criação material dos mundos.

Primeiro, surgiram os principais sóis centrais que deram origem a todos os outros inúmeros sóis e corpos cósmicos, contendo tudo o que já sabeis.

Tudo que ora é matéria, foi em outras épocas espírito que, por livre e espontânea vontade, se afastou da boa Ordem de Deus, afirmando-se na reacção àquela. Portanto, a matéria nada mais é que espíritos em julgamento através da sua própria teimosia; sendo mais explícito, é ela a membrana mais bruta e pesada que envolve uma projecção espiritual.

Esta projecção espiritual, todavia, não pode tornar-se propriamente matéria dentro do invólucro duro e pesado, mas nela permanece seja qual for a sua qualidade. Sendo mui rija, a vida espiritual dentro dela é igualmente endurecida, algemada, e não pode manifestar-se e desenvolver-se, caso não lhe venha socorro externo.

Na pedra, por exemplo, a vida somente alcança uma exteriorização quando for amolecida em longas épocas por chuvas, neve, orvalho, saraiva, raios e outros elementos que a tornam sucessivamente mais porosa. Por este processo evapora-se parte da vida espiritual como o éter; outra parte cria uma nova membrana mais leve, no início em forma de plantas delicadas do mofo e musgo. No decorrer do tempo, insatisfeita com tal invólucro, a manifestação da vida, já mais liberta, concentra-se e cria uma nova membrana que lhe facilita a movimentação mais livre e independente.

Enquanto a membrana for macia e ténue, a manifestação espiritual sente-se à vontade, nada desejando de melhor. A acção interna dos espíritos, porém, faz com que o invólucro delicado se torne mais rígido, porquanto tende a expulsar a pressão da matéria. Por isso a vida espiritual procura elevar-se, formando assim a haste da erva, o tronco da árvore, tentando proteger-se do sucessivo endurecimento provindo da terra, através de anéis e cortes cada vez mais repetidos. Como, finalmente, desta actividade não podem esperar salvação na estagnação completa, os espíritos comprimem o tronco o mais possível, fugindo para os pequeninos galhos, hastes, folhas e afinal para junto da flor. Isto tudo, porém, também se tornando em breve mais duro e reconhecendo a inutilidade de todo o esforço, os elementos começam a se encapsular com matéria mais afim à sua natureza.

Deste modo aparecem frutos e sementes. Com isto, a parte mais egoísta dos elementos libertos de uma planta não lucra muito, pois aquilo que se encapsulou num invólucro mais resistente é obrigado a acompanhar a semente ao ser lançada na terra húmida e vivificadora. A outra parte, mais paciente, que se submetera a permanecer na matéria mais inferior, como sentinela e portadora dos elementos mais activos, amedrontados e impacientes, em breve apodrecerá, passando a uma esfera mais elevada. Aquilo que for assimilado como fruto, pelos animais e homens, será aproveitado na sua parte mais grosseira na formação e alimento da carne; a parte mais delicada é absorvida pelo elemento espiritual que fortalece e vivifica o centro nervoso e a parte mais nobre torna-se substância mental.»

O EGOÍSMO COMO ORIGEM DA MATÉRIA

(O Senhor): «Se analisardes mais de perto este progresso, não encontrareis dificuldade em reconhecer a verdadeira causa do joio, no campo limpo da Vida. Tudo o que se denomina de mundo e matéria é a oposição necessária da verdadeira ordem espiritual de Deus, pois foi preciso depositá-la como instigação, para despertar o livre arbítrio nas ideias bem formadas, projectadas por Deus como seres independentes. Por tal razão, deve ser considerado o verdadeiro joio no campo puro e justo da Vida.

Muito embora ter sido o joio, no início, uma necessidade para a constatação de uma vida espiritual completamente livre, preciso é que fosse finalmente reconhecido como tal, pelos seres em liberdade, e expulso por conta própria, pois não pode manter-se com ela. Se bem que é um meio necessário para certa finalidade, nunca se pode a ela unir.

A rede, por exemplo, é também um meio indispensável para a pesca; acaso deveria ser tostada no fogo e servida como alimento? Uma vez que tenha prestado serviço no lançar da rede, guarda-se a mesma, utilizando somente o resultado.

Portanto, vimos ser imprescindível a tentação, como violação de um mandamento; é o estimulador da capacidade do conhecimento e do livre arbítrio. Enche a alma com desejos e alegrias até que tome conhecimento da tentação, sem se submeter a ela, mas sempre em combate com a mesma vontade livre, que nela despertou a infracção. A alma, então, aplica-a como meio, nunca, porém, como finalidade.

O odre também é somente o receptáculo para a conservação do vinho. Quem poderia ser tolo a ponto de furá-lo, sabendo que bastará abri-lo no local certo, para conseguir retirar o seu conteúdo?

O joio, ou seja, a tentação para infringir uma lei, é algo inferior e jamais poderá tornar-se factor principal. Quem assim agisse assemelhar-se-ia a um tolo, tentando saciar-se com as panelas enquanto lança fora os alimentos.

Em que consiste o joio por cujos detritos, a vida deve ser adubada? Quais as variedades de tentação ocultas na forma animada? Ei-las: amor-próprio, egoísmo, orgulho e, finalmente, o domínio. Através do amor-próprio a forma animada concentra-se, ávida por assimilar tudo, mas também de o conservar, por tal modo que a ninguém possa beneficiar, receando vir a sofrer alguma carência. Por esta retenção daquilo que absorve da ordem divina, alimentadora e conservadora, manifesta-se na pessoa uma concentração crescente e uma solidez e prepotência temporária; e, como efeito, um especial agrado para consigo mesma. Tal manifestação é na real acepção e significado da palavra o egoísmo, que se esforça por se elevar com todo o empenho, poder e meios, mesmo os mais condenáveis, acima dos outros, julgando-se sumamente importante.

Após a criatura egoísta ter alcançado o que almejava, fita embevecida e cheia de desprezo os seus semelhantes. O desprezo, por sua vez, assemelha-se ao asco que um estômago repleto sente da mesa farta e podia ser classificado por orgulho, que muita matéria vil contém, apresentando um campo da pior erva daninha.

O orgulho, porém, sente uma insatisfação constante, pois sempre observa que nem todos lhe rendem os seus préstimos. Analisando os meios ao seu alcance, verifica obter resultado, caso demonstre generosidade. Como o número dos necessitados ultrapassa o dos abastados, o seu jogo é fácil: em breve as pequenas potências famintas o rodeiam e se deixam dominar, porquanto também percebem o poder que deriva do orgulho. Obedecem-lhe completamente, pelo que a força do orgulho aumenta, tratando de atrair mais outros elementos. Tal insaciável avidez é, no verdadeiro sentido, o domínio mais pernicioso, destituído de qualquer sentimento de amor.

No domínio se expressa a matéria mais tenaz, e um planeta rochoso é inteiramente munido de tais elementos, factor que podeis observar materialmente nos burgos e fortalezas, nos quais se ocultam os soberanos. As suas muralhas medem várias braçadas, onde se postam os lutadores, prontos para impedir que seja rompida a matéria, perturbando o descanso do soberano orgulhoso. Ai do fraco que se atrevesse a atirar apenas uma pedra, pois seria imediatamente aniquilado.

Não falo daqueles regentes e soberanos destinados por Deus a diminuir o orgulho dos cidadãos, como colunas e mantenedores da humildade, modéstia, amor e paciência; pois são levados pela vontade de Deus, a serem o que Ele determinou como instrumentos, a melhorarem os povos. Falo apenas do domínio em geral de cada espírito e criatura. E houve muitos regentes tiranos; surgiam num povo, rebelando-se contra os chefes designados por Deus, como fez Absalão contra o seu pai Davi. Tais homens não foram convocados por Deus, por serem maus e um verdadeiro joio, figura correspondente à matéria mais grosseira.

Tu, Cirénius, e o Imperador, são aqueles que determinei pela Minha vontade, embora ainda pagãos. Mesmo assim, vos considero mais que a muitos reis que deveriam ser guias dos filhos de Deus mas tornaram-se os seus assassinos, física e espiritualmente, razão pela qual lhes serão tirados o trono, coroas e ceptros e entregues a vós, mais sábios. Fiz este aditamento, a fim de que tu, Meu Cirénius, não julgasses serdes, tu e o teu sobrinho, usurpadores diante de Mim. Prossigamos, pois, na consideração do joio no campo limpo.»

A NATUREZA DE SATANÁS E DA MATÉRIA

Digo Eu: «A maneira pela qual devem ser interpretados tais assuntos, encontrarás no Livro que o jovem te fez entregar por Ruban; além disso, acharás explicação no confronto de espírito e matéria, vida e morte, amor e ódio, verdade e mentira, que têm base original, de contrário não poderiam tornar-se evidentes.

Se o mal não tivesse origem, como poderia manifestar-se no homem? Hás-de perceber, através da tua inteligência, não ser possível responsabilizar-se Deus por tais extremos. Ou julgas que Deus, a mais pura e elevada Verdade, tenha colocado a tendência da mentira no coração da criatura, a fim de que venha a pecar contra a ordem divina, e se tornar obscena em palavras e acções? Deus criou o homem espiritualmente como a Sua imagem, isto é: puro, verdadeiro e bom.

Uma vez que o espírito forçosamente tinha de se tornar carne, a fim de consolidar a sua existência futura, teve de suprir-se da matéria terrena dentro da ordem do Espírito Divino. No corpo humano foi dado ao espírito um equilíbrio de provação, que se chama “tentação”. Ela não só está no corpo, mas em toda a matéria; como a matéria não é o que parece, torna-se ela ao homem em prova, mentira e engano, quer dizer: um elemento aparente. Ele existe, porque a matéria tentadora existe para o corpo; ao mesmo tempo não existe, por não ser a matéria aquilo que aparenta. Este espírito mistificador, personificando a própria mentira, concentra em si a matéria do mundo que se chama “Satanás” ou “Chefe de todos os demónios”. Estes são os elementos maldosos que ele emite.

A pessoa que se apega à matéria e age nesta tendência, peca contra a ordem de Deus, que lhe deu o mundo material somente para lutar com ele, fortificando-se para a imortalidade pelo uso do livre arbítrio. A consequência do pecado é a morte ou o aniquilamento de tudo o que a alma conquistou da matéria, porquanto toda a matéria não é nada do que apresenta.

Se amas o mundo e a sua vibração, e queres enriquecer-te com os seus tesouros, assemelhas-te a um tolo a quem se apresenta uma noiva bonita; ele, porém, não a quer. Atira-se, no entanto, à sua sombra com o ímpeto de um fanático cego. Quando a noiva o deixar, a sua sombra a acompanhará. O que ficará para o tolo? Como se lastimará por ter perdido o que tanto amava! Alguém então lhe dirá: Tolo e cego, por que não te apegaste à plena verdade, ao invés da sua sombra? – Pois a sombra é apenas carência de luz, projectada por qualquer forma que se interponha à mesma, uma vez que o raio luminoso não consegue trespassar o corpo compacto.

Aquilo que representa a tua sombra para o teu corpo quando te achas na luz, ocorre com a matéria e os seus tesouros em confronto com o espírito. É um engano e mentira em si, porquanto não é o que parece aos sentidos físicos.

Consiste numa condenação de mentira e engano, serem eles obrigados a se revelar diante do espírito como algo perecível e como caricatura externa, correspondente a uma verdade profunda e interior, enquanto prefeririam – pelo cego amor mundano da alma – permanecer em realidade o que aparentemente são.»

(O Grande Evangelho de João – IV – 103,104 – V – 70)

 

DÁDIVAS DO CÉU

JUSTIÇA TERRENA E JUSTIÇA DIVINA

«No que vem a seguir vos darei uma gotícula de sabedoria. Que vos seja de bom proveito, a vós, Meus filhos pelo Meu amor eterno. Pois na posição de Deus, Eu não tenho filhos, a não ser a eterna e única Palavra em Mim, a qual é o Filho único, do qual muito Me comprazo. Mas no Filho, Eu estou como vosso Pai e tenho prazer convosco, logo que tiverdes adoptado este Meu filho em vossas vidas e com Ele, a Minha divindade.

Mas esta gotícula de sabedoria cai na areia quente da Terra, para que possais enriquecer a vossa sabedoria. Se sois capazes de agir de acordo com isto é a parte mais importante, pois somente a acção, jamais a pura sabedoria, condiciona a vida eterna.

Vede, toda a vossa injustiça está baseada em tudo o que é mau, na falsidade do amor-próprio que dividiu a palavra “Meu” e nunca “Teu”, do qual se originam os vossos enganos horrorosos e a maioria da vossa violência. O amor-próprio causou a criação das mais terríveis leis, as quais deveriam, pela violência e força, assegurar a cada um a sua propriedade suposta. Eu criei a Terra, tal qual o ar, a luz, a água, a chuva e os raios do Sol para todos, sem distinção, para que os usassem comunitariamente, e ninguém – repito – ninguém obteve de Mim o menor título de propriedade.

Agora, porém, a Terra está toda delimitada, como o inferno, pois cada um tem o seu lugar definido. Por isto só podem existir leis que originam esta situação, e são leis infernais, com castigos diabólicos. Eu vos digo: Todas as leis são originárias do inferno, como o são as fronteiras que dividem a Terra e os decorrentes castigos.

Vede, é difícil aconselhar dos céus, onde um tem para o outro e todos têm para um, no mais puro amor. O que vos ensina o Evangelho é que deve acrescentar-se a calça quando alguém lhe pede o casaco, para evitar toda ou qualquer luta. Se todos fizessem o mesmo, como é no céu, nenhuma lei infernal seria necessária, pois ninguém possuiria nada e ficaria livre de assaltos e roubos.

Em poucas palavras, mostrei-vos como tudo é de facto. Por esta razão não deveis chamar o vosso Pai celestial para ajuizar os vossos assuntos infernais, pois assim O ofendeis na sua paciência e grande indulgência, apresentando-lhe tanto horror e injúria, especialmente porque Eu já Me encontro nas portas da Terra, armado e disposto a dar o Meu último julgamento, para que todo este agir infernal acabe de vez e seja lançado lá, no local em que o seu criador já habita há muito tempo.

Considerai bem estas Minhas palavras e actuai com todo o vosso amor. Assim, será demonstrado no futuro quanto ouro poderemos encontrar no lixo do inferno. Amém.»

(Revelação transmitida ao profeta Jakob Lorber em 28-05-1840)

 

RENOVANDO A UNÇÃO

Nesta reflexão queremos realçar o sentido do uso no Velho Testamento da unção com óleo; o porquê de ungir as pessoas separando-os para o serviço de Deus.


Num dos salmos de Davi é dito: “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.” (Salmo 23:5)

No sentido bíblico do termo, ungir alguém com óleo capacitava essa pessoa para uma tarefa específica no trabalho do Senhor e normalmente era uma tarefa que os profetas exerciam por revelação e mandato de Deus.

Também era usual no Antigo Testamento ungir objectos com óleo, particularmente todos os utensílios do Tabernáculo, como é dito na Escritura: “Então tomarás o azeite da unção, e ungirás o tabernáculo, e tudo que há nele; e o santificarás com todos os seus vasos, e será santo.” (Êxodo 40:9)

Da mesma forma o sumo-sacerdote Arão, bem como posteriormente os restantes sacerdotes, eram ungidos com óleo para mostrar que as suas vidas foram separadas para o serviço do Senhor: “Depois derramou do azeite da unção sobre a cabeça de Arão, e ungiu-o para santificá-lo.” (Levítico 8:12)

A unção com óleo era também usual para confirmar reis e profetas. Faremos menção da Escritura, mostrando a importância que o Senhor dava a este acto.

Saul, primeiro rei de Israel é ungido pelo profeta Samuel: “E disse Samuel: Porventura sendo tu pequeno aos teus olhos, não foste por cabeça das tribos de Israel? E o Senhor te ungiu rei sobre Israel.” (I Samuel 15:17)

Também Elias foi incumbido por Deus a ungir o seu sucessor, bem como um rei sobre Israel: “Também a Jeú, filho de Ninsi ungirás rei de Israel; e também Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar.” (I Reis 19:16)

Com a vinda de Jesus e o estabelecimento de um Novo Pacto, estes actos deixarem de ser usuais e, quando lembrados, todos eles têm um sentido espiritual.

Tanto assim que o apóstolo João, quando lembra a obra redentora de Cristo em nós e o nosso baptismo com o Espírito Santo, ele usa palavras que lembram a unção com óleo que era praticada no Antigo Pacto: “E a unção, que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.” (I João 2:27)

Então, o que representa esta unção nas nossas vidas? É a presença activa do Espírito Santo em nós, que nos permite saber e fazer coisas em nome do Senhor, guiando-nos também no caminho da Salvação, permanecendo firmemente na doutrina de Jesus.

Esta unção, ou poder do Espírito Santo, carece de uma renovação constante, para que não diminua nas nossas vidas. Temos esse exemplo na parábola das dez virgens, pois metade delas tinham azeite em suas candeias e a outra metade tinha as candeias esvaziadas. Eis o que a Palavra nos diz como alerta, para que possamos estar prontos a receber o Noivo que breve virá buscar a Sua igreja: “Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.” (Mateus 25:9)

Convém alertar cada um de nós para a necessidade de nos munirmos deste óleo da unção, deste colírio, para podermos enxergar os dias que vivemos, como Jesus nos adverte na carta aos cristãos do último tempo – Laodicéia: “… E que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.” (Apocalipse 3:18)

Sem esta unção, ou capacidade espiritual, não estamos preparados para discernir os tempos que estamos vivendo, nem tampouco para viver a vida de santidade que nos é exigida.

Terminamos, lembrando o que foi dito pelo apóstolo Pedro na sua primeira pregação do Evangelho, citando a profecia de Joel: “E nos últimos dias, acontecerá, diz Deus, que do Meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias, e profetizarão.” (Actos 2:17-18)

Esta bênção continua disponível para todos, então busquemo-la, procurando a cada dia renovar esta unção em nós, tornando-nos cada vez mais íntimos do nosso Deus, louvando-O com uma vida de testemunho.

Irmão José Luís Robledo

(Obra Social Refúgio Betânia – Espanha)


 

Leia A Bíblia O Grande Evangelho de João

“A Luz Completa” “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há-de vir.” (Evangelho de João 16:13) “Eis a razão, porque agora transmito a Luz Completa, para que ninguém venha a desculpar-se numa argumentação errónea de que Eu, desde a minha presença física nesta terra, não Me tivesse preocupado com a pureza integral de Minha doutrina e de seus aceitadores. Quando voltar novamente, farei uma grande selecção e não aceitarei quem vier escusar-se. Pois todos os que procurarem com seriedade acharão a verdade.” (O Grande Evangelho de João – volume I –)




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