Ano XXVII - Nº 85
Neste Boletim:
O Amor Incondicional a Deus
Dádivas do Céu
Excertos d’O Grande Evangelho de João
A Peleja
Um Pouco de História …
Lugar à Poesia
O AMOR INCONDICIONAL A DEUS
Será que existe ou existiu alguém que amou incondicionalmente a Deus?
Esta é uma resposta difícil de responder. Mesmo lembrando pessoas que se destacaram no caminho da santidade, é difícil identificar alguém que nos sirva de exemplo, além do próprio Filho do Homem – Jesus Homem, que estava unificado em Espírito ao Pai que é o Amor.
Na mensagem que destacamos para este mês, retirada de “Dádivas do Céu”, que mais não são do que respostas a perguntas formuladas ao Senhor por amigos do profeta Lorber que se reuniam com ele para meditarem nas revelações do Senhor.
Nesta mensagem o Senhor adverte contra o perigo da veneração dos instrumentos que foram usados para martirizar Jesus, que inculca nas pessoas uma sensação de terror a Deus ao invés de os levar a amá-Lo acima de tudo e de todas as coisas.
No passado, quer através das pregações, quer nas pinturas alusivas a actos representativos do Além, eram mais as figuras ligadas ao inferno e seus suplícios, do que ao Céu em sua beatitude e beleza.
Se na religião isto se passava, o mesmo também era experimentado na vida quotidiana, pois a disciplina era aplicada na base do temor/terror: temor dos pais, dos professores, das autoridades, dos patrões e tantos outros que se encontravam em posição superior. As crianças interrompiam as brincadeiras quando pressentiam que o pai chegava do trabalho; antes de iniciarem o tempo escolar, eram ameaçadas com o rigor dos professores e dos castigos corporais, e eram assustadas com a proximidade da polícia, para não fazerem travessuras; já jovens adultos, no caso dos rapazes, eram assustados pela proximidade do serviço militar.
Estas cenas eram corriqueiras e são lembradas por todos aqueles que já avançaram na idade.
Mas, onde está o amor quando usamos estes métodos? A resposta é óbvia – em lado nenhum!
Também com respeito a Deus, a maioria de nós foi e ainda é ensinada a vê-Lo como aquele que julga, repreende e se mantém distante dos pecadores, embora Jesus tenha dito: “Eu a ninguém julgo.”
Contrariando este conceito, vamos socorrer-nos de duas visões dadas há alguns anos, no mesmo dia, mas em comunidades diferentes; uma irmã havia assistido de manhã a um culto numa igreja e, de tarde, em companhia de familiares, esteve num culto de outra igreja.
No culto da manhã, um irmão teve uma visão em que via Jesus sentado num trono e os membros da congregação num plano inferior, em atitude respeitosa e distante.
No culto da outra igreja um irmão teve também uma visão em que viu o Senhor Jesus sentado, mas no chão, rodeado por todos os Seus filhos, sorrindo para eles num à-vontade que permitia a todos achegarem-se junto dele sem receio algum.
Naturalmente, a segundo visão é mais agradável e aproxima-nos mais do Pai do que da pessoa de Jeová, o Senhor Deus, embora sejam a mesma pessoa.
A Escritura atesta que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” [1] Mas, que tipo de temor? Naturalmente, o temor respeitoso que não distancia mas aproxima, sabendo que encontramos em Jesus o Pai e o Irmão, como Ele disse que era para nós, sempre pronto a orientar-nos.
Estes dois graus de parentesco estão referidos na Escritura:
- Como Pai: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o espírito de adopção de filhos, pelo qual clamamos: Abba, Pai.” [2]
- Como irmão: “Pelo que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo-sacerdote (...) Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” [3]
Tendo em mente que é o próprio Senhor que nos faculta esta aproximação, a nossa relação com Ele será muito mais fácil, podendo demonstrar-Lhe o nosso carinho respeitoso e abrir-Lhe o nosso coração.
Em certa ocasião, alguns samaritanos que haviam aceitado a doutrina de Jesus e presenciado os Seus milagres, procuraram-No; mas, quando O encontraram, não se aproximaram pois não se achavam dignos de falar com Ele.
Ouçamos o conselho do Senhor e tomemo-lo também para nós:
“Desisti da veneração exagerada à Minha pessoa e crescei no amor verdadeiro e justo para Comigo. Vale muito mais amar o Senhor sobre todas as coisas, do que temer a Deus acima de tudo.
Um temor excessivo de Deus afasta o homem, e finalmente representa a semente maldosa da qual surgirá o paganismo com a idolatria, superstição e completa descrença.” [4]
Quando o profeta Lorber foi comissionado pelo Senhor para ser Seu escrivão durante vinte e quatro anos consecutivos, a primeira mensagem que ele ouviu foi:
“Assim fala o Senhor para cada um e isto é verdadeiro, fiel e certo: Quem quiser falar Comigo que venha a Mim e Eu lhe darei a resposta em seu coração. Somente os puros, porém, cujos corações são cheios de humildade, deverão ouvir a Minha voz. E quem Me prefere diante de todo o mundo, quem Me ama como uma noiva dedicada ama o seu noivo, com esse Eu caminharei de braços dados; poderá ver-Me como um irmão e como Eu o vi de eternidades, antes que ele existisse.”
O desenvolvimento deste amor, que afasta o temor, pode ser experimentado por cada um. Entre nós, o Pai estimulou-nos a aproximar-nos Dele, dizendo: “O verdadeiro Amor só pode renascer em quem não tem amarras.”
Trazer à nossa mente os pregos que cravaram Jesus à cruz, a coroa de espinhos que colocaram sobre a Sua cabeço em sinal de escárnio e prestar a estes objectos veneração, entristece e dificulta-nos o caminho do Amor absoluto a Ele.
Podemos manter a cruz como símbolo, mas retiremos a figura de Jesus de lá, pois Ele ressuscitou e não mais está crucificado.
Não queremos um amor qualquer, queremos o Amor verdadeiro. Para que ele exista, temos de nos libertar de muitas amarras, principalmente das amarras do pecado, da religião e da superstição e prestar atenção ao conselho dado por Jesus em Sua mensagem:
“Quem quiser amar-Me correctamente, que Me ame pelo Meu amor e que obedeça aos Meus mandamentos, que dei a todos sem cruz, sem pregos e sem coroa. Eu os dei com toda a pureza do Meu ser, pois Eu sou puro. Diz a todos: Quem em verdade Me amar assim, sem cruz, pregos ou coroa, este tem toda a firmeza em seu sentimento.”
Fraternalmente em Cristo.
Irmão Egídio Silva
[1] Salmo 111:10 [2] Romanos 8:15 [3] Hebreus 2:17-18
[4] O Grande Evangelho de João – IX – 129:2.
DÁDIVAS DO CÉU
«Diz àqueles que tanto amam a Minha carne, que idolatram as chagas do Meu corpo, que honram e clamam aos céus a madeira da cruz e o ferro dos pregos que furaram as Minhas mãos, diz-lhes a mensagem que se segue, dada por Mim para bem da sua saúde.
Nem eles, nem ninguém, devem amar a cruz mais do que a Mim mesmo, nem aos pregos mais do que a cabeça coroada. Pois quem assim fizer deverá sofrer muito pelo seu amor errado. A quem ama a cruz, como também os pregos, eu darei a coroa de espinhos. E aquele que amar a cruz, os pregos e a coroa como amor a Mim, este será crucificado, tal qual fui Eu. Mas aqueles que Me amam por causa da cruz, dos pregos e da coroa, estes amam a Minha carne que está cheia de feridas e do sangue das chibatadas. Parecem-se com aquelas crianças que só começam a amar os seus pais, quando estes, destruídos pelo sofrimento, batem chorando à porta dos filhos.
Quem quiser amar-Me correctamente, que Me ame pelo Meu amor e que obedeça aos Meus mandamentos, que dei a todos sem cruz, sem pregos e sem coroa. Eu os dei com toda a pureza do Meu Ser, pois Eu sou puro. Diz a todos: Quem em verdade Me amar assim, sem cruz, pregos ou coroa, este tem toda a firmeza em seu sentimento. Mas quem Me amar cheio de dúvidas, este precisa da cruz, dos pregos, da coroa ou das chagas para Me amar. Eu lhe darei um destes ou todos, pois assim ele verá o seu amor fortificado. Ele verá que sofrimento é mais difícil que amor fortificado. Ele verá que sofrer é mais difícil que amar, e Eu não Me alegro com os sofrimentos dos Meus filhos, mas sim só Me causam grande tristeza no coração.
Vê, “O Meu jugo é suave e a Minha carga é leve.” Só os filhos do mundo precisam usar de violência com o Meu reino, se desejarem apoderar-se dele. Os Meus filhos não devem ir à luta, expondo-se a serem violentados por Meus inimigos, para Me defender. Por eles, Eu irei à luta, pois o amor está muitíssimo acima de qualquer luta aceite sem Meu beneplácito.
Mas aquele que desejar lutar e tiver prazer na luta, este tem que estar preparado para os vários ferimentos que poderá sofrer, ou mesmo a sua derrota.
Por isto, por aquele que Me amar, por este Eu lutarei e vencerei, e o seu amor será a mais linda coroa de louros que poderá Me oferecer. Mas aqueles que por vontade própria desejarem lutar junto a Mim, a estes Eu distribuirei nos seus postos. E terão que lutar com as suas forças, com muito medo e esforço. A vitória muitas vezes lhes custará bem caro e será amarga, e também terão que prestar muitas contas.
Mais uma explicação é necessária: Se alguém deseja comprar uma casa, este não deve contentar-se com a vistoria do seu exterior, muitas vezes pura pintura. Deve ir ao vendedor e dizer: “Deixa-me ver os pilares, as paredes, o chão e o telhado.” Se ele não considerar a casa como boa, que se afaste e não tente negociar com o vendedor arguto, mesmo que este lhe diga que a casa está em óptimas condições e aguentará bem muitos anos. No primeiro terramoto seria destruída. Se morar numa casa velha, que esteja sempre pronto a abandoná-la (entender estas palavras no sentido espiritual). Ao sentir os primeiros tremores ou fendas, saia de imediato.
Isto vos diz o Pastor cuidadoso das ovelhas mansas, habitantes da difícil seara do mundo dos servos. Amém. Eu, Jesus Jeová. Amém.»
(Texto revelado a Jakob Lorber em 24 de Abril de 1840)
EXCERTOS D’O GRANDE EVANGELHO DE JOÃO
O REINO DE DEUS
«Manifesta-se o tavoleiro, cheio de respeito e veneração: Senhor e Mestre, as Tuas obras são milagrosas, mas as Tuas palavras são pura verdade e vida. Quando ages, até mesmo um cego percebe, governar em Tua vontade mais que a força e poder humanos; mas, quando falas, a criatura reconhece seres o próprio Senhor. A sabedoria das Tuas palavras é mais luminosa que a luz do Sol a pino. Mas, se permitires, tomarei a liberdade de formular uma pergunta referente ao Reino de Deus.
Muito falaste a respeito da Tua segunda vinda e da chegada do Reino de Deus, e essa, em épocas distantes. Ao mesmo tempo explicaste que o Reino de Deus não viria com pompa externa, pois encontra-se no coração do homem, a quem cabe procurá-lo para fazê-lo evoluir.
Segundo me parece, a Tua presença actual não se dá dentro de nós, mas externamente, de sorte a podermos afirmar com toda a certeza: Eis o Cristo, o Senhor de toda a glória, Ungido desde Eternidade; Ele é tudo em tudo, portanto, o Reino de Deus, a Vida e a Verdade! E Tu encontrando-Te connosco, o Teu Reino não está dentro, mas no nosso meio! Será essa situação idêntica aos tempos vindouros, ou seria a Tua segunda vinda diferente?
Digo Eu: Caro amigo, falaste bem. E asseguro-te não ter sido a tua mente a inspirar-te, senão a voz do teu espírito; ainda assim, a questão da futura volta do Filho do homem será tal qual Eu demonstrei.
Tens razão em afirmar que o Reino de Deus veio por Mim e se encontra no vosso meio; isto não é o bastante para o alcançar e a plena conservação da vida eterna da alma, o que apenas sucederá quando tiverdes aceitado a Minha doutrina com a vontade e pela acção, e sem consideração ao mundo. Isto se dando, não mais direis: Cristo, e com Ele o Reino de Deus, vieram junto de nós e habitam no nosso meio! E sim: Agora não mais vivo eu, senão o Cristo dentro de mim! Quando este for o vosso caso, compreendereis em plenitude que o Reino de Deus não se aproxima com pompa externa, mas desabrocha no íntimo da criatura, atraindo, fortificando e conservando a alma em sua vida eterna.
Naturalmente, é preciso apontar ao homem o caminho externo, pela palavra de Deus que dos Céus desceu junto dele, podendo-se afirmar: A paz seja contigo; pois o Reino de Deus aproximou-se de ti. Mas, com isto, o homem não se encontra no Reino de Deus, nem este está no homem.
Tão logo ele começar a crer e, pela acção, accionar a sua fé na doutrina, o Reino de Deus se desenvolve no seu íntimo, assim como na primavera a vida no vegetal desabrocha visivelmente quando ele é banhado e aquecido pela luz do Sol, obrigando-o à actividade interna.
Toda a manifestação de vida é como que incentivada e desperta por fora; mas o surgir, desenvolver, desabrochar, formar e realizar [tornar-se real] projectam-se no interior.
Animais e homens são obrigados a tomar o alimento externamente; pelo ingerir do alimento ainda não se deu a verdadeira nutrição do corpo, pois essa dá-se a partir do estômago, a todas as partes físicas. Assim como o estômago é, de certo modo, o coração alimentador da vida do corpo, o coração torna-se o estômago da alma, para o despertar do espírito de Deus; e a Minha doutrina é o verdadeiro alimento da vida e a verdadeira bebida para o estômago espiritual.
Assim, sou Eu, através da Minha doutrina, o verdadeiro Pão de nutrição vital, dos Céus, e a acção segundo ela manda, é o néctar real, o melhor e mais forte vinho que pelo seu espírito vivifica o homem todo, iluminando-o pela chama flamejante do fogo do amor. Quem comer este Pão e beber este Vinho não verá nem sentirá a morte. Se isto foi bem assimilado, agi de acordo, e as Minhas palavras se transformarão em verdade plena e viva dentro de vós!»
ENSINAMENTO DO SENHOR
ACERCA DO COMER A SUA CARNE E BEBER O SEU SANGUE
«Dizem os discípulos: Senhor e Mestre, essas explicações são compreensíveis. Mas, quando em Cafarnaum, quando o povo Te seguia de todas as regiões de Jerusalém, deste-nos elucidação semelhante sobre o comer a Tua carne e o beber o Teu sangue, mas ninguém Te compreendeu, mormente os que não estavam habituados à interpretação das Tuas palavras, razão porque muitos discípulos Te abandonaram. Nós mesmos não as entendemos no começo; apenas um hospedeiro, que nunca tinha sido Teu discípulo, interpretou a questão e, comparando-a com essa, é idêntica. Temos razão?
Digo Eu: Sim, pois pão e carne são uma coisa só, assim como vinho e sangue são uma coisa só. Quem, com o Meu Verbo, come o Pão dos Céus, e pela acção, quer dizer, pelas obras do amor verdadeiro e desinteressado a Deus e ao próximo, bebe o Vinho da Vida, come a Minha carne e bebe o Meu sangue. Assim como o pão natural se transforma em carne no corpo humano, e o vinho em sangue, o Meu Pão do Verbo torna-se em carne, e o vinho, pela acção amorosa, em sangue da alma.
Se afirmo: Quem comer a Minha carne, quero dizer, que a Minha palavra não só deve ser assimilada pela memória cerebral, mas igualmente pelo coração, o estômago da alma, sucedendo o mesmo com o vinho do amor que se transforma em sangue da vida.
Raciocínio e memória do homem com relação ao coração são comparáveis à boca referente ao estômago. Enquanto o pão se acha entre os dentes, ainda é pão e não carne; tão logo for mastigado e levado ao estômago, onde é misturado com o suco gástrico, será carne em virtude das suas substâncias etéreas, semelhantes à carne. O mesmo se dá com o vinho ou a água que certamente contém a matéria do vinho, pois sem a água que o solo abriga para alimento de flora e fauna, a videira morreria. Enquanto conservares o vinho na boca, ele não passa para o sangue; uma vez dentro do estômago, não leva tempo para se transformar.
Quem, portanto, ouvir o Meu Verbo e conservá-lo na memória, reterá o pão dentro da boca da alma. Quando começar a reflectir no cérebro, ele mastiga o pão com os dentes da alma; pois o intelecto é para a alma, o mesmo que os dentes para a boca.
No momento em que o Meu pão, quer dizer, a Minha doutrina, for mastigada ou aceite e compreendida como verdade perfeita, terá que ser assimilada no coração pelo amor à verdade, passando à acção pela vontade firme. Isto acontecendo, transforma-se a palavra em carne pela vontade activa e em sangue da alma, ou seja, o Meu Espírito dentro dela, sem o qual ela seria morta, qual corpo sem sangue.
A vontade firme para a acção assemelha-se à boa força digestiva do estômago, pela qual o corpo se mantém forte e sadio; a força digestiva do estômago sendo fraca, todo o físico se torna enfermo, fraco e definhado, não obstante os melhores e mais puros alimentos.
O mesmo acontece à alma em cujo coração e vontade para a acção segundo a doutrina é fraca. Não se desenvolve à potência completa, sadia e espiritual, vacilando qual folha ao vento e caindo facilmente em dúvidas e ponderações, e dentro em breve experimenta outro alimento de efeito melhor e mais forte. De nada adianta isto a uma alma fraca. Perguntais no íntimo se tal não é possível, e Eu, respondo: Sim, mas como?»
A IMPORTÂNCIA DA ACÇÃO
SEGUNDO A DOUTRINA
(O Senhor): «Ouvi. O homem de estômago fraco, de vez em quando, toma um chá de ervas com o qual os alimentos mal digeridos são levados para o intestino. Os alimentos mal digeridos são comparáveis às ponderações da alma, se deve crer nisto ou naquilo e agir em seguida.
Uma vez o estômago limpo, o que se deve fazer para ficar forte? Preciso é bastante exercício ao ar livre, medida primordial para ele readquirir a sua força plena e sadia. O mesmo deve fazer a alma, purificando o seu coração de doutrinas erróneas, concepções e ideias, aceitar a verdade por Mim ensinada, com amor e fé, e em seguida pôr em acção, que em breve se fortificará para sempre.
Por isso, nenhum de vós seja um simples ouvinte, mas um praticante firme e activo, que todos os escrúpulos e dúvidas desaparecerão da sua alma.
Assim como o estômago em situação saudável pode ingerir toda a sorte de alimentos, inclusive impuros em caso de necessidade, sem prejudicar-se, porque pela actividade expele as impurezas ou as transforma, o mesmo é feito pelo estômago forte e perfeitamente sadio da alma. Eis porque para o puro tudo é puro, e o bafo mais pestilento do inferno não pode provocar prejuízo.
Tão logo estiverdes de posse plena do Meu Reino, sereis capazes de caminhar sobre serpentes e escorpiões, e tomar venenos infernais sem vos causarem dano. Tendo compreendido e assimilado tudo isto, deduzireis na verdade plena e viva qual o sentido das Minhas palavras em Cafarnaum, quando falei do comer a Minha carne e do beber o Meu sangue, e não haverá motivo para considerardes esse ensinamento de duro.
Já se torna difícil esclarecer-se ao puro intelecto coisas e manifestações do mundo da Natureza, a fim de poder caminhar pela estrada da verdade, livre de todos os enganos alimentadores da superstição; quanto mais dificilmente são assimilados pelo raciocínio puro os fenómenos, forças, efeitos e manifestações espírito-celestiais, invisíveis à visão do homem para torná-los manifestos para a alma.
Por isso, repito sempre: Sereis levados a toda a sabedoria espiritual e celeste, bem como à sua força e poder, somente quando fordes completamente renascidos em espírito, como vos expliquei minuciosamente. Pesquisai o vosso íntimo, se tudo foi compreendido na profundeza real e plena da verdade.
Respondem os discípulos: Sim, Senhor e Mestre, quando revelas os segredos do Reino de Deus; mas, expressando-Te por meio de parábolas, é difícil deduzir o sentido e, às vezes, até incompreensível. Não resta dúvida que tais quadros só poderiam ser transmitidos pela sabedoria divina. Agradecemos de coração e pedimos o Teu amparo, caso fraquejarmos no caminho do renascimento espiritual. E se a nossa alma se atemorizar e entristecer quando não mais palmilhares no nosso meio, acode-nos com a Tua graça e misericórdia e vivifica o nosso amor, fé e esperança.
Aduzem o tavoleiro e o empregado: Juntamo-nos ao pedido dos Teus discípulos.
Digo Eu: Em verdade vos digo: Tudo o que pedirdes ao Pai em Meu nome, ser-vos-á dado. Qual seria o pai entre os homens, geralmente maus, que desse uma pedra à criança que lhe pedisse pão, ou uma serpente em vez de um peixe? Se as criaturas de índole maldosa distribuem bons bocados aos filhos, quanto mais o Pai no Céu, unicamente bondoso, beneficiará aqueles que Lhe pedem com amor e fé!
Sede, portanto, de coração e ânimo alegres; pois o Pai, santo e bondoso, está velando por vós e cuida pelo vosso bem e a salvação da vossa alma. O Pai, porém, está em Mim, como Eu sempre e eternamente estou Nele, e dou-vos a certeza plena de jamais vos deixar como órfãos, até ao fim dos tempos desta Terra.
Eu vos digo: Quem Me amar em verdade e cumprir os Meus mandamentos, a este procurarei e Me revelarei directamente, e cada um poderá convencer-se não estar qual órfão no mundo. A quem Eu Me revelar, deve transmitir aos irmãos tamanho consolo, para se sentirem confortados.
Quem sente prazer em amparar os fracos, consolar os tristes e socorrer os sofredores, poderá aguardar o prémio da vida, decuplicado. Estai sempre certos disto.
As Minhas palavras alegram a todos, e o hospedeiro manda encher de novo as nossas taças, e assim ficamos ainda por mais uma hora.»
(O Grande Evangelho de João – IX – 72,73,74)
A PELEJA
Quem ama a natureza e se detém a analisar o comportamento do reino animal pode constatar que os animais lutam para demarcar o seu território no qual coabitam com a sua manada, conscientes de que a união faz a força, protegendo-se mutuamente; caçam e matam numa cadeia natural, apenas o que necessitam para se alimentarem, mitigando a sua fome, como a da sua prole e restante grupo. Não é um acto cruel e atroz, mas a forma natural de sobreviver, sem outra alternativa.
O ser humano, porém, peleja com tudo e com todos de forma desumana. O seu comportamento é de uma brutalidade tal que raia a bestialidade no sentido mais rude do termo.
Mata-se mutuamente em guerras aberrantes que servem apenas para alimentar o ego de uma mente alienada que assim o ordena, sem ver no inimigo um semelhante seu com uma família como a sua que espera o seu retorno ao lar depois que toda essa loucura termine; sendo um filho do mesmo Criador do universo do qual fazemos parte.
Na vida diária que poderia ser uma vida de paz e benignidade, explode em rixas, brigas e contendas sem nexo. É com os entes mais queridos, com os vizinhos, os companheiros de trabalho e tudo quanto possa opor-se à sua forma de pensar.
Peleja com o seu companheiro de trabalho, usurpando-lhe a sua posição, vexando-o sempre que possível, tornando a vida do outro num verdadeiro inferno.
Onde prolifera a selvajaria?
Ponderando em tudo isto, teremos de concluir que a humanidade atingiu um ponto sem retorno. De momento estamos confinados e comandados pelo poder da sombra, numa situação da qual poderá advir o caos e destruição da nossa civilização tal como a conhecemos.
E questionamo-nos: Como é possível que em menos de um século a Terra tenha sido despojada do ar puro e da água cristalina correndo pelos regatos, encontrando-se exaurida, saturada, e num ponto de ruptura irreversível?
Porque o Homem se afastou de Deus e assumiu-se dono e senhor de um planeta que não lhe pertence, apenas lhe foi cedido por um tempo escasso, desprezando a sacralidade da vida em todas as suas manifestações.
Perdeu a capacidade de introspecção, de conhecer-se a si próprio através de um exame honesto que o leve ao seu autoconhecimento.
Deixaram de ter tempo. As suas vidas poderiam ter sido comparadas a um pião que rodopiava sem cessar, rodeados de ruído incessante, tornando-se autómatos, adictos da tecnologia onde não havia espaço para o silêncio e a meditação.
Um vírus invisível, contra quem ninguém conseguiu pelejar, trouxe um pouco de paz ao planeta. Os habitantes das grandes metrópoles puderam respirar um ar menos poluído, as águas tornaram-se mais cristalinas enquanto ficámos em prisão domiciliária a bem do controlo desse vírus mortífero.
Há uma coisa que cada um de nós tem de fazer, se quiser livrar a sua alma desta cadeia que nos cerca: ao invés de pelejar com os outros, começar a exercitar-se na peleja contra os seus vícios arreigados, difíceis de expurgar das nossas vidas, e dedicarmo-nos de alma e coração ao sentimento humanista puro que deverá nortear as nossas almas.
De que nos serve acumular uma fortuna imensa, se quando morrermos não poderemos levar nada connosco? E o tempo que se gasta diante da televisão horas a fio, onde o cérebro é lavado de acordo com as técnicas utilizadas pelos media para controlo mental dos seus audientes?
Necessitamos de abrir os olhos para a realidade que nos cerca.
Há coisas mais importantes onde ocupar o nosso tempo, demonstrando amor ao próximo, expressando carinho a quem nos rodeia e dizendo-lhes uma frase, que lhes lembre que estão presentes no nosso coração e são importantes para nós; é acolhermos com um sorriso alguém que se sente perturbado e só.
É AMAR !!!
Devemos pelejar para que na nossa vida resplandeça a Luz do Criador através das nossas atitudes no quotidiano.
A vida é tão bela! Olhemos ao nosso redor… como a Criação divina é magnífica!
Não vivamos passando o dia com os olhos postos no telemóvel. Ergamos os olhos para o céu e deliciemo-nos com a beleza de um esplendoroso pôr-do-sol, pelo canto dos pássaros, pelo desabrochar das flores e de um pequenino ser que titubeante pisa terra firme após ter nascido.
Amem a vida! Pelejem contra os sentimentos negativos, de apatia e ingratidão que nos invadem.
Vivam, por amor de Deus! Vivam, celebrando a beleza e glória que o Senhor nos ofereceu com todo o seu infinito amor.
Não passem pela vida apáticos e mal-humorados; isso não alimenta o espírito divino que existe em nós.
Lutem contra toda a negatividade que vos afasta da comunhão com o Senhor. Um coração agradecido é-Lhe grato.
Cuidemos com diligência o aperfeiçoamento das nossas fraquezas.
Sejamos diligentes no exercício interior, alimentando a nossa alma, para que possamos vencer as paixões que nos prendem à terra; trabalhando para chegar mais alto, aproximando-nos do Pai que nos aguarda com o coração aberto e cheio de puro amor.
Lutemos, combatamos para atingir o nosso alvo, a fim de podermos viver no reino da Luz, abandonando este mundo de trevas que nos rodeia.
“Não nos deixemos render, mantenhamo-nos de pé. Recordemo-nos que Deus dá as batalhas mais difíceis aos seus melhores soldados.”
“Abrir os olhos para um novo dia, escutar o canto dos pássaros, e o som da chuva caindo; ver entrar um raio de luz pela janela, sentir o aroma de uma taça de café, sentir o vento roçar a cara na ternura de uma carícia inesperada, sentir a ilusão por algo que vai acontecer, trautear uma canção favorita – isso é Felicidade!“
Queridos irmãos e leitores. Tenho um apelo interior há muito adiado, ao qual me vou dedicar, pois o tempo urge.
De modo que este é o ultimo artigo que escrevo neste boletim após seis anos onde, creio, fomos divinamente abençoados. Eu mais do que ninguém, pois recebi em primeira mão aquilo que o Senhor determinou que fosse escrito – sem Ele, não teria escrito uma palavra, nem por tanto tempo.
Sinto-me imensamente grata ao nosso bendito Deus se algo do que foi escrito contribuiu para alentar uma vida em tempo de provação, ou despertou um coração para a verdade, ou até aproximou uma alma de Cristo.
Peço-vos, em nome de Jesus: Não se esqueçam de que o Amor incondicional é o mais importante, o sentimento que rege o cosmos e o reino da Luz. Vivam nele. Aperfeiçoem-se e lutem sem cessar para não perderem o nosso bem maior – O reino da graça e a sua santa Paz!
Bem-Haja a todos. E que o Senhor nos cubra de bênçãos até ao dia em que nos encontraremos juntos no reino da glória.
Vossa irmã em Jesus,
Irmã Manuela Diniz
UM POUCO DE HISTÓRIA…
A ORIGEM DA IDOLATRIA CRISTÃ
O título do nosso artigo pode parecer um paradoxo. Idolatria cristã! Mas, é verdade. Trata-se mesmo de idolatria, aquela que teve origem no Cristianismo.
Quando era suposto que no Cristianismo não houvesse qualquer tipo de veneração ou adoração a não ser ao Senhor Jesus, eis que algo apareceu na nova religião e paulatinamente foi crescendo e se implantou no seio da igreja até ao ponto da sua irreversibilidade.
Mas como foi isto possível?
Sem sermos exaustivos, vamos tentar analisar este assunto com imparcialidade.
O início da veneração dos mártires e das suas relíquias teve início desde o começo do cristianismo. Há historiadores que apontam o seu início já no século II.
A opinião popular via nesses mártires, os antigos deuses e heróis. Não é fácil mudar mentalidades. O paganismo era uma “religião” há muito enraizada. E com Constantino mais esta situação crescia e vinculava com a inclusão no cristianismo de muitos pagãos que se convertiam à igreja.
Dado que nessa altura não havia um método para se avaliar a santidade de uma pessoa, a inclusão de alguém no altar dos santos era uma questão de senso comum. Eram aqueles chamados de guardiões das cidades, sendo os padroeiros de várias profissões bem como os responsáveis pela cura de várias doenças e males que vinham sobre a terra e as gentes.
Conforme Paulo fala nas Escrituras, o culto de anjos já vinha dos tempos apostólicos.
Mas, a chamada veneração dos santos e das imagens teve no início um aspecto propedêutico. Ou seja: a igreja queria ensinar ao povo simples, inculto (até ao fim da Idade Média somente os frades e monges e poucos nobres sabiam ler e escrever) e supersticioso que se devia seguir o exemplo daqueles que se tinham tornado santos. O seu modo de vida, de pensar, a sua frugalidade, o seu modo de existência. Era esse o pensamento da igreja quando introduziu e permitiu o uso de imagens e relíquias.
Todavia, o povo foi mais longe. Com a ajuda e incentivo dos monges, já não só seguia as virtudes dos santos, como venerava e adorava as suas imagens. Via nelas as suas referências. Como nós vemos hoje as nossas só que de uma maneira diferente. Ajudam-nos na caminhada cristã.
Até certo ponto, esta prática facilitou a conversão de milhares de pagãos ao cristianismo. Mas trouxe sobre a igreja um grave risco: de ela mesma se tornar pagã.
Quando os líderes eclesiásticos, vendo o caminho errado que a igreja tomava, quiseram lutar contra este sistema, não conseguiram - era tarde demais.
O povo estava imbuído na mais profunda idolatria. Esta tomara conta da igreja e já não puderam extirpá-la do seu meio.
A igreja oriental (ortodoxa) ainda tentou minimizar o problema. Permitia no interior das igrejas representações em superfícies planas (pinturas e mosaicos), mas não estátuas. Começou assim a iconolatria, que perdura até aos dias de hoje. A diferença entre a idolatria e iconolatria é quase inexistente.
Deste modo, podemos ver como uma “política” de bom senso acaba por cair na radicalização dessa mesma política.
Importa referir que nem toda a idolatria tem a ver com o culto a esculturas e/ou imagens.
Actualmente existem líderes católicos que dizem que se pode ser “católico sem crer nas aparições Marianas”. Mesmo em meio de qualquer controvérsia, nunca poderemos por em causa a bem-aventurança e santidade incontestável de Maria, mãe de Jesus.
Por isso mesmo, a igreja de outrora teve como premissa o ensino das virtudes cristãs e acabou por se vergar a um culto idolátrico a estátuas.
Quando o protestantismo se implantou acabou com a chamada idolatria, mas entrou por um caminho radical a ponto de quase não se falar de certas personagens bíblicas, tais como Maria e outras para não confundir com o catolicismo. Mas o bom senso nunca fez mal a ninguém.
Irmão Tomaz Correia
Bibliografia: História da Igreja Cristã.
W. Walker
LUGAR À POESIA
FOLHAS DE OUTONO, O OUTONO
O outono é como uma coluna castanha
Esvoaçante, translúcida;
Filtra luz dourada
E tudo fica um pouco dourado
E ruivo.
É uma romã partida a meio de duas inteiras.
O outono é um pôr do sol.
É descanso e é estudo.
Ninho
Fumo
Convívio mudo.
O outono é queda, sombras,
E vontade de voltar a aprender.
Irmã Abigail Ribeiro
2020
Leia A Bíblia e ‘O Grande Evangelho de João’
“A Luz Completa”
“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há-de vir.” (Evangelho de João 16:13) “Eis a razão, porque agora transmito a Luz Completa, para que ninguém venha a desculpar-se numa argumentação errónea de que Eu, desde a minha presença física nesta terra, não Me tivesse preocupado com a pureza integral de Minha doutrina e de seus aceitadores. Quando voltar novamente, farei uma grande selecção e não aceitarei quem vier escusar-se. Pois todos os que procurarem com seriedade acharão a verdade.” (O Grande Evangelho de João – volume I –)
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