Ano XXVII - Nº 80
Neste Boletim:
Onde está a Verdade?;
“Recados do Pai”;
Excertos d’O Grande Evangelho de João;
Dádivas do Céu;
O que é o Amor?;
A Noite de São Bartolomeu;
Lugar à Poesia.
ONDE ESTÁ A VERDADE? Hoje, mais do que nunca, é difícil encontrar a verdade.
Os meios de comunicação ao dispor de todos permitem a difusão de informação e a disseminação de conceitos e teorias muitas vezes divergentes entre si, e outras, parcial ou totalmente falsas. Chegámos ao ponto de ser necessário que algumas pessoas se dediquem a tempo inteiro à procura destas “notícias falsas” para repor a verdade, pois milhares de pessoas são enganadas e multiplicam o erro aos quatro ventos.
Nos vem à lembrança o que aconteceu a um clérigo que foi acusado injustamente de um determinado crime grave. A verdade foi reposta e os meios que difundiram a notícia, que era falsa, desmentiram o que haviam dito. Após o desmentido, numa cerimónia, o clérigo disse: “A disseminação da mentira é igual a alguém sacudir uma almofada de penas, sem saber que ela está rasgada; mesmo que de seguida procure recolher as penas espalhadas aos quatro ventos e julgue que o conseguiu, vão aparecer muitas outras penas que não foram recolhidas.”
Isto acontece na realidade, pois a rapidez com que a informação é transmitida, sem o cuidado em aprofundar a sua veracidade, leva à divulgação de erros que podem trazer graves consequências, mesmo repondo posteriormente a verdade.
As informações que nos chegam versam diversas matérias, desde a política, passando pela economia, a saúde, a ciência e outras. Mas de todas as matérias divulgadas, aquelas que se dedicam a assuntos religiosos podem trazer prejuízos espirituais bastante perigosos, se induzirem pessoas mais frágeis espiritualmente a tomar decisões que as possam levar para uma eternidade sem Deus.
É fácil induzir outros no caminho errado, pois basta que alguém com acesso e conhecimentos destes meios informáticos divulgue algo que, parecendo vir de Deus, não o seja verdadeiramente.
As autoridades esforçam-se por regular estes novos meios de comunicação – a Internet e as chamadas redes sociais - mas muitas delas estão contaminadas por este “vírus de propagação do erro” e escandalosamente o usam em seu próprio benefício.
No ditado deste mês é-nos dito pelo Pai:
“Se fosseis sábios, procuraríeis a Verdade sempre. A Verdade sou Eu, Meus filhos.”
Claro que cada um de nós deseja ter a sabedoria do Alto, para poder gerir a sua vida segundo pedrões espirituais sadios; mas quantos de nós se vão fixar na única Verdade – que é Jesus.
Dirão alguns: mas isso é redutor para a nossa inteligência e pode tornar-nos fanáticos ao ponto de nos alhearmos do mundo.
Creio que, chegados a este ponto da nossa reflexão, cabe a palavra sábia de Jesus quando disse: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” [1]
Dos quatro evangelhos bíblicos, o do apóstolo João relata pormenores do diálogo de Jesus com Pilatos, que os outros três omitem. Este governador romano da Judeia, com plenos poderes de vida ou morte sobre o seu semelhante, embora advertido pela esposa sobre a inocência de Jesus, - pois ela havia tido um sonho com Ele - não lhe prestou atenção, nem tão pouco aceitou o conselho dado pelo próprio Jesus, quando lhe falou de uma vida espiritual e de um reino que não é deste mundo. Citemos o diálogo: “Respondeu-lhe Jesus: O meu reino não é deste mundo (…) Disse-lhe Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?” [2]
Estamos vivendo num tempo especial em que, talvez mais breve do que pensamos, tenhamos de fazer a opção por um destes dois reinos – ou o mundo, que mais não é do que um “reino de mentira”, pois tudo o que é material passa; ou uma eternidade com Deus, onde existe a verdadeira vida e a verdade absoluta.
Muita coisa está acontecendo e irá acontecer ainda neste nosso planeta e não precisamos de profetizar sobre factos que não são agradáveis, pois a Escritura é bastante esclarecedora e mesmo a ciência antevê mudanças drásticas.
Mas, ainda assim, o homem pode reverter esta situação se mudar radicalmente a maneira como trata o planeta em que vive.
Quanto ao mundo espiritual, aí sim, temos imensas promessas e conselhos para não nos enganarmos na escolha que venhamos a fazer, pois ela baseia-se numa Verdade sem contestação – JESUS e só Ele, sem fanatismo algum.
Vamos procurar aprofundar dois conselhos que nos são dados pelo Pai e que citamos de seguida:
“A religião, seja ela qual for, e as marcas do percurso feito que ela deixa em vós vos cega muitas vezes.”
Esta advertência seríssima do Senhor sobre as marcas que a religião deixa nas pessoas deve levar-nos a ponderar sobre a forma como abordamos as pessoas para lhes falar de Jesus e da vida eterna que Ele nos aponta através da Sua doutrina de amor. Esta abordagem deve ter em conta, sempre, não ferir a sensibilidade religiosa do interlocutor. Um dia Jesus apresentou uma parábola ilustrativa sobre este assunto. Determinada árvore, forte e que dava bons frutos havia brotado numa escarpa, saindo da parede e elevando-se, procurando o Sol; alguém disse: “Devíamos retirar esta árvore e colocá-la num terreno plano e talvez produzisse ainda mais frutos.” A resposta foi: “Se o fizermos, a árvore não vai encontrar os mesmos nutrientes e morre.”
Então, procuremos transmitir aos outros os princípios básicos da mensagem de Jesus: “Amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos”, pois não é a religião que nos leva à eternidade, mas uma vivência de amor ao Senhor e ao nosso semelhante, pois o nosso Pai conhece o coração de cada uma das Suas criaturas e não a sua denominação.
Prosseguindo neste pensamento, chamamos também a atenção para o aspecto externo das igrejas cristãs, com as suas cerimónias e vocabulário próprios, pois muitas vezes catalogamos as pessoas, consoante a terminologia que usam; dizer simplesmente rezar, orar ou fazer uma prece, é o bastante para aceitarmos ou rejeitarmos alguém. No entanto, qualquer dicionário nos diz que estas três definições identificam um mesmo propósito – dialogar com Deus.
O apóstolo Paulo um dia teve de resolver uma situação de divisão interna entre irmãos da Igreja de Corinto e perguntou: “Está Cristo dividido?” [3]
O certo é que hoje, mais do que em outra época da história, a igreja é uma manta de retalhos, parecendo mais um “cadáver” como Jesus afirmou em determinada revelação.
Cremos que está chegando a hora em que as palavras do nosso Pai, que a seguir citamos, devem colocar um freio às críticas e julgamentos religiosos.
“O Pai, que sou Eu, vos digo: não olheis aos artefactos, não os julgueis, não os critiqueis, pois para Mim o valor está no caminho, no processo feito para chegar a Mim. Não Me interessa que artefactos do mundo tendes, pois só vejo o vosso coração, a vossa verdade, a vossa fé, o vosso amor a Mim.”
Ainda não chegou a hora, mas ela aproxima-se a passos largos, em que a presença do Verbo personificado, na figura visível de Jesus Cristo, o bom Pastor, juntará o Seu rebanho, como Ele afirmou há dois mil anos atrás, derrubando toda a divisão religiosa: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.” [4]
Fraternalmente em Cristo Jesus,
Pr. Egídio
[1] Mateus 22:21 [2] João 18:36-38
[3] I Coríntios 1:13 [4] João 10:16
RECADOS DO PAI
“Na verdade, a Luz se intensifica e tudo ganha nova força, novo alento, novo vigor para voltar a renascer.
Em tudo Eu estou. Eu próprio Me revelo em vós e em vós Eu renovo as Minhas forças pela conquista de uma nova alma que renasce e intensifica a Minha luz.
Nada no Universo foi feito ao acaso; a perfeição impera ao milímetro, e no aqui e agora Eu me faço presente aí e em todo o Meu Universo. Eu sou o tudo e o nada, o mais e o menos, o certo e o errado.
Questionais-vos? Sim, sou o errado na busca da verdade. Sou o pecado redimido. Sou o perdão, a misericórdia, a mão que levanta.
A falta de fé mata o Espírito, e o Espírito sou Eu em vós.
Na rebelião, uma parte de Mim fugiu do Meu controlo - a vontade, o livre-arbítrio, a independência do amor. O amor só vive por si e se alimenta em si mesmo. Não há outro caminho para Mim que não seja o amor, e ele habita em Mim, por vós, por todos vós de forma plena, clara, verdadeira, serena, universal, eterna e livre. O Meu amor é genuíno, é a força suprema.
Em vós, este amor terá de existir e engrandecer na plenitude das suas características e no vosso livre-arbítrio. Ele tem de surgir sem amarras, sem dúvidas, na caridade pelo outro, no amor a Mim.
Muito em vós é percurso feito, mas pecais pela curta memória na fé. Já experimentastes o Meu poder, a Minha presença, e nem sempre vindes a Mim.
A sabedoria é uma recarga da verdade, e na verdade atingis cada vez mais a sabedoria.
Se fosseis sábios, procuraríeis a Verdade sempre. A Verdade sou Eu, Meus filhos.
A religião, seja ela qual for, e as marcas do percurso feito que ela deixa em vós vos cega muitas vezes.
Na verdade, tudo tem uma explicação na mente do homem e tudo tem uma explicação à luz de Deus, o Pai.
O Pai, que sou Eu, vos digo: não olheis aos artefactos, não os julgueis, não os critiqueis, pois para Mim o valor está no caminho, no processo feito para chegar a Mim. Não Me interessa que artefactos do mundo tendes, pois só vejo o vosso coração, a vossa verdade, a vossa fé, o vosso amor a Mim.
Muitas vezes, na ingenuidade da fé, o maior pagão está perto de Mim. Pode ser um palhaço, mas um palhaço bom, que sangra no coração ao ver dor no seu irmão. Isso é ouro no Meu coração.
Existem momentos marcantes. Existem trajectos marcantes. Existem histórias marcantes, mas nada é eterno a não ser o Meu amor. Esse, sim, marca a vossa chegada a Mim.
Há muita coisa que vos poderia explicar e falar se Mo permitísseis e Eu falo-vos de várias maneiras.
O vosso desejo de Me servir é supremo e de elevado valor para Mim, mas o vosso serviço não atinge um terço da Minha exigência.
A vossa dedicação é muito dispersa, pois dependeis uns dos outros e não do vosso amor a Mim.
Conheço os vossos corações, os vossos anseios, as vossas vontades e vosso amor a Mim; em Mim estais protegidos e na caridade fortalecidos.
Muito vos poderia dizer, ultrapassando formas e feitos, espaço e tempo que já entenderias muita coisa. O vosso espírito já se eleva ao imaterial do conhecimento.
(…) Continuai caminhando que Eu irei ao vosso encontro.
Em tudo o mais, estou sempre presente.
Em comunhão. Amém.”
EXCERTOS D’O GRANDE EVANGELHO DE JOÃO A DOUTRINA DE MOISÉS E A DOUTRINA DO SENHOR
(O Senhor): «Não basta somente saber e crer o que seja bom, justo e verdadeiro pela ordem divina e de todos os Céus; preciso é que se aja por amor e pela alegria do coração que o Reino de Deus e a sua justiça regerão entre vós, tornando-vos verdadeiros filhos do Pai Celeste.
Acaso alguém tiraria proveito da inteligência e compreensão, persistindo em seu ponto de vista errado? Não seria tolo aquele a quem se desse um palácio onde deveria desfrutar com a sua família, o máximo conforto e que, embora se alegrasse com o estilo agradável e rico, vivesse reclamando constantemente as grandes inconveniências que se lhe deparam, preferindo continuar na sua velha, pequena e suja morada?
Se este homem não é tolo, não haverá tolo no mundo. Muito mais ignorante é quem possui a Minha doutrina e a reconhece como eternamente verdadeira, todavia continua agindo como boi a puxar a sua velha carroça.
Digo-vos a todos: Bem suave é o jugo que deposito em vós e mui leve o peso que tendes de carregar. O seu porte requer apenas um pequeno esforço e quem não o carregar será culpado das amarguras e misérias. Tratai-vos com justo amor que descansareis em travesseiros macios e suaves. Se preferis pedras sob as vossas cabeças, ser-vos-ão dadas; ninguém, no entanto, deve queixar-se na manhã da vida, estar a sua cabeça ferida e magoada.
Se tens dois servos, um honesto, outro desonesto, não serás sumamente tolo dispensando o primeiro por tê-lo admitido há pouco, enquanto o falso sempre te traiu? Por isso, desfazei-vos de todos os antigos preconceitos, pois não se aplicam à doutrina pura do Céu; não somente deixa de ser um remendo para uma roupa velha e rasgada, mas sim, é uma veste nova e completa à qual a antiga tem de ceder lugar.
Em “roupa velha” não compreendo Moisés e os profetas – ouro puríssimo provindo do Céu – mas as vossas instituições mundanas e as leis do Templo, de nenhuma utilidade. Pois a tentativa de se coser um remendo novo no grande rombo da roupa velha não surtiria efeito, porquanto o tecido demasiadamente frágil não suportaria sequer um ponto.
Moisés deu, para aquela época, uma constituição para todas as necessidades caseiras e misérias humanas do povo israelita. Todavia, foi ela deturpada; além disso, não serve para a Minha doutrina, mesmo em seu sentido inalterado. Não é possível pensar em colheita, quando o solo está sendo arado; uma vez que o trigo esteja maduro, contratam-se ceifadores que não necessitam de arado. Quer dizer: Moisés preparou o solo, os profetas semearam e agora chegou a época da colheita, onde não mais se necessita do profeta com arado em suas mãos. Se bem que vimos recolher nos celeiros o que for maduro, o instrumento de Moisés vos será entregue para afrouxardes novamente a terra, tornando-a acessível para as sementes puras do Céu. Além disso, serão convocados os guardas destinados a impedir que venha o inimigo e semeie o joio entre o trigo nobre.»
O JOIO ENTRE O TRIGO
(O Senhor): «Muito embora a terra seja cultivada, e a semente pura lançada nos sulcos; estando os guardas vigiando o campo, deparo desde já uma quantidade de joio entre o trigo. Como foi isto possível?
Vede a negligência dos guardas; adormeceram à noite, pois pensaram: Quem se atreverá a invadir o campo tão bem vigiado? E enquanto dormiam, aproximou-se o inimigo sorrateiramente e logo lançou a sua semente má sobre o campo.
Quando, de manhã, os vigias perceberam o joio entre o trigo, correram para transmitir ao dono: Senhor, lançámos a semente pura no solo limpo e vigiámos o campo maravilhoso; de que adiantou? O inimigo veio traiçoeiramente e espalhou uma quantidade de joio entre o trigo. Está germinando em profusão. Devemos arrancá-lo?
Qual será a resposta do dono? Ei-la: Como não vigiastes durante a noite – época da experiência na vida de todas as criaturas – o príncipe das trevas facilmente pôde espalhar o seu joio entre o trigo. Deixai que ambos cresçam até à colheita, quando diremos aos ceifeiros: Juntai primeiro o trigo e guardai-o nos meus celeiros; em seguida colhei o joio em molhos, fazei fogo e queimai-o para que as suas sementes não caiam de novo à terra, prejudicando-a. Ansiosos pela compreensão deste quadro, indagais em vosso íntimo: Mas como?
Afirmo-vos ser fácil a compreensão do Evangelho. O solo é semelhante aos corações das criaturas desta Terra; o trigo puríssimo a Minha doutrina; o arador e semeador sou Eu mesmo e vós Comigo. Os guardas convocados também sois vós e aqueles que, futuramente, fordes determinar em Meu nome. Eu sou o Senhor e os celeiros são os Meus céus. Satanás é o inimigo com o seu joio, que são representados pelo mundo mau com todas as suas paixões perversas e mortíferas. Os ceifadores recém-convocados são os mensageiros que em tempo despertarei nos Céus, enviando-os para recolherem o trigo e queimarem o joio, evitando que venha a deturpar o campo e o trigo. Tereis compreendido isto?
Respondeis: Sim, Senhor; mas poderias facilmente impedir, com a Tua omnipotência e omnisciência, a aproximação do inimigo mesmo se formos vencidos pelo sono durante a noite da nossa vida de provação.
Explico-vos: A Minha omnipotência não pode e não deve agir onde se trata do desenvolvimento livre dos Meus filhos. A Minha atitude para convosco é tão tolhida, como a vossa para com os outros. Dou-vos o campo, o arado, o trigo e convosco os ceifadores; o trabalho depende de vós. Se durante a tarefa vos faltarem as forças necessárias, sabereis que vos aparelharei sempre que Me pedirem auxílio em vossos corações, animando-vos a prosseguir com novas forças. Porém, Eu não posso e não devo trabalhar por vós. Se assim fizesse, a liberdade e a independência da vossa vida não teria proveito; seríeis apenas máquinas; e nunca livres criaturas, com pensamentos e acções independentes. Por esta explanação compreendereis ser o recíproco servir, condição primordial de toda a vida. Assimilai-o bem.
Diz Cirénius: Senhor, Tu és eternamente verdadeiro. As Tuas palavras são claras, verdadeiras e têm vida. Somente agora começo a viver, pois tenho a impressão de haver despertado de um sono profundo. Só Deus pode exprimir-Se como Tu, porquanto pessoa alguma pode saber o que nela se passa, o que a anima e de que forma deve cultivar a sua vida. Nós, Senhor, estamos bem aparelhados por Ti; os nossos descendentes terão, não obstante todo o zelo, de lutar com toda a sorte de joio, entre o trigo do Teu campo. Quanto a mim, o inferno não encontrará facilidade em semear a sua influência no solo. Desejava, todavia, saber de que forma ele consegue realizar a sua semeadura.»
(O Grande Evangelho de João – IV – 100,101)
DÁDIVAS DO CÉU
BAILES E LOCAIS DE DIVERSÃO
«Isto Eu te digo, meu querido e preguiçoso servo, para que entendas o mal-estar que te ataca quando ouves falar dos antigos e novos locais de danças e diversão.
O teu mal-estar é bem compreensível, pois ele vem do espírito. Pois o baile e tudo o que o acompanha são uma vala aberta cheia de lixo. Os casinos são um monte de podridão cheio de anfíbios mortos e o clube é um precipício em cujo fundo Satanás depositou um tanque grande e ornamentado com flores, para que um nariz só um pouco espiritual não sinta o mau cheiro do lixo em que se encontra.
Com estas poucas palavras creio que já satisfiz a tua sabedoria, mas Eu quero que os teus amigos também obtenham uma explicação satisfatória e é pelo seu pouco conhecimento do Evangelho que devo dar mais explicações.
Satanás viu, com irritação, que algumas famílias virtuosas desta cidade não se dobraram aos seus desejos, pois detectavam o mau cheiro que emanava dos seus locais de diversão. Por isso ele inventou um meio no fundo do precipício. Ele colocou um tanque bem fechado na parte inferior (o precipício do inferno) e o cobriu com lindos soalhos lisos. Toda a saída foi ornamentada com flores bonitas e perfumadas, para que ninguém detectasse alguma coisa errada ou algum mal.
Pois ele disse: “Aqui vou preparar uma boa refeição para mim, e começarei a viver da carne tenra das crianças. Já estou cansado de devorar as carnes das meretrizes; estas deverão ser devoradas pelos meus anjos infernais. Eu vou me ocultar atrás das atraentes flores bonitas e perfumadas, lá, onde ninguém me notará. No momento em que uma criancinha, atraída pelas flores, se aproximar, eu a apanharei, engolirei e a digerirei, deixando os seus restos como lixo no tanque e no precipício. Os pais que “se arranjem” para tirá-las de lá. Em verdade, retirar uma estrela fixa do firmamento lhes será uma tarefa muito mais fácil do que recuperar esta criança do precipício.
Aqui tens a declaração de Satanás. São as suas próprias palavras e o seu próprio plano. Que prazer posso Eu ter num desses estabelecimentos de prazer?
Aqui vos mostrei o grande perigo em toda a Minha verdade. Estas palavras vos diz o Pai que se preocupa com o vosso futuro. Satanás está à vossa frente, totalmente descoberto e com toda a sua maldade à vista para vós, Meus pouquíssimos filhos. Observai no fundo dos vossos corações estas palavras que se originam no Meu amor e na misericórdia deste vosso Pai e estai sempre atentos, pois aquele que enxerga o inimigo pode fugir do mesmo. Ai dos cegos e surdos e dos que não querem converter-se ao Meu conselho. Eu prefiro mandar todos os Meus anjos aos infernos para converter os perdidos, do que dar um só olhar de comiseração nesse tanque imundo. Amém.
Atenção! Isto Eu falo, o Deus da eternidade. Amém.»
(Revelação transmitida ao profeta Jakob Lorber em 17/07/1840)
ONDE ESTÁ O AMOR?
Todos mencionam a palavra “Amor”. Mas quem será capaz de entender o seu verdadeiro significado?
É um sentimento que pode ser expressado das mais diversas formas, num crescendo que vai do mais singelo gesto às exteriorizações absolutas de arrojo e anulação de si próprio, em benefício do outro. Temos relatos descritos ao longo da história em como muitos homens, mulheres e até crianças, têm cometido actos de bravura, pondo em risco a sua própria vida numa generosidade e abnegação que são um exemplo e merecem toda a nossa admiração.
Podemos observar o mesmo no reino animal. Aqueles que vivem em contacto com a natureza podem testemunhar como os animais são capazes de dar provas de empatia e generosidade que nos deixam deslumbrados.
Porém, a consciência de si que existe entre os homens assume expressões díspares que observamos diariamente. A forma como cada um sente e partilha os afectos reflecte o que existe no seu coração – é o espelho da alma.
Não é de admirar pois, que vejamos arrebatamentos apaixonados e possessivos que não são mais do que a manifestação de um ego empolgado, que nada têm em comum com a dádiva altruísta e sincera, o respeito e a consideração a que todo o ser humano tem direito.
A falta de amor sincero e profundo é latente nos nossos dias. Estamos na era do descartável, de tudo aquilo que é produzido para durar pouco; da época em que é usar e deitar fora a curto prazo.
E verificamos isso nas relações diárias. As pessoas “amam” de uma forma subjectiva, por um tempo quem lhes convém ou desejam, até que encontrem alguém que seja mais interessante ou lucrativo.
Os colegas de trabalho são simpáticos e cooperantes, até que pressintam que o seu posto de trabalho está em risco, e a amizade desaparece.
Os valores éticos e morais, o sentido de honra e dever caíram em desuso, e o desamor apossou-se do coração humano.
O sentimento de empatia e amor em benefício do outro de forma incondicional é quase uma quimera.
Por outro lado, existe também uma grande diferenciação entre o amor baseado no aspecto físico, do amor deaalma, onde duas pessoas se sentem irmanadas no espírito puro, ou ainda, vivendo na alegria de se dar ao próximo de forma incondicional, sem esperar nada mais do que ver o seu semelhante a ter uma existência digna e feliz.
É esse amor altruísta o pilar das grandes obras de apoio social e humanitário que graças a Deus proliferam por todo o mundo, na ânsia de colmatar tantas injustiças e segregações de toda a espécie.
Há vários patamares, por assim dizer, em relação à capacidade de amar, à prática do bem e daquilo que o move. Desde aquele que tudo expressa com pompa e circunstância, àquele que o faz de forma tão espontânea que é como se não fizesse mais do que a sua consciência moral lhe dita.
Há também aqueles que se esquecem dos seus e dos que lhes são próximos, para apenas se dedicarem ao exterior, angariando assim a admiração de terceiros.
A forma mais absoluta é aquele que dá o melhor que tem, e que Deus lhe deu – o seu tempo. Porque a nossa vida terrena é limitada, o “tempo” é o bem melhor que cada um de nós possui. Esta dádiva é um pouco da sua própria vida que não lhe é oferecida duas vezes. Pode parecer incoerente, mas é a realidade.
Quem dá o seu tempo de forma anónima em detrimento do próximo segue o exemplo de Jesus.
Muitos questionarão: - Como assim?
O tempo de acompanhamento e entrega, quer pessoal quer emocional, nas suas inúmeras formas, é um acto de caridade e amor incondicional sem entraves nem reservas. É uma dádiva de si mesmo.
Foi o que Jesus fez quando se ofereceu ao Pai para vir à Terra ensinar aos homens, que viviam como ovelhas tresmalhadas, a lei universal do amor; o que era o amor em termos práticos do quotidiano e como deveria ser vivido
Ele dedicou três anos a curar e a ensinar a humanidade, guiando-a no caminho do Bem e da Verdade.
Ao entregar-Se de corpo e alma a essa missão, deu-Se na totalidade, num amor absoluto e sacrifício incomensurável como só o Espírito divino o poderia fazer.
Deixou-nos uma imensa riqueza intelectual e espiritual para ser herdada por quem a deseje obter, sendo oferecida gratuitamente a troco do Seu próprio sangue.
Que dádiva maravilhosa e sublime!
O que nos ensinou? - “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
Quem é capaz de entender e interiorizar tão grande Amor, e o que representa para todos nós essa oferenda sem par?
Morreu por nós! E nós, o que somos capazes de fazer por amor a Ele?
Quantos de nós somos capazes de dar o melhor de si em benefício do seu semelhante?
Quantos de nós são capazes de doar o seu bem melhor, o seu tempo, em benefício do outro, da forma incondicional como Jesus o fez?
Quantos de nós são capazes de se sacrificarem, sendo verdadeiros mordomos de Cristo, amando o seu próximo como a si mesmos?
O amor une o Universo. E o Espírito Santo de Deus é o elo que tudo abrange e engloba.
Não podemos querer estar Nele, e viver fora Dele.
Quem vive no amor de Jesus vive com Ele no coração e procura uma vida de dádiva e entrega fraterna na pureza de Cristo.
Ninguém se engane a si próprio. Quem não ama desta forma não verá a face do Senhor, nem terá acesso a uma vida de luz e paz eternas.
O que é o Amor? É isto mesmo: amar desinteressadamente, sentindo alegria interior nessa dádiva, onde não se espera nada do outro, nosso companheiro de viagem neste caminho da vida. Que ele tenha o mesmo daquilo que desejamos para nós mesmos: respeito, carinho, atenção, fazendo-o sentir quão amado e importante ele é, e como nos sentiremos felizes quando a sua luz for um marco reluzente capaz de guiar outros peregrinos na Terra.
Que o nosso amado e misericordioso Pai nos ensine a amar assim, e a partilhar o Seu Amor com o mesmo altruísmo e abnegação.
Irmã Manuela
UM POUCO DE HISTÓRIA
A NOITE DE SÃO BARTOLOMEU
Século XVI; corria ao ano de 1572 e a França era governada pelo rei Carlos IX.
De personalidade frágil, caracter fraco, saúde débil e muito influenciável pela sua mãe que, no fim dos seus dias, o considerou um lunático, permitiu uma das maiores carnificinas de que há memória em França.
Sua mãe, Catarina de Médicis, era uma mulher cruel que não olhava a meios para atingir os seus fins. Hábil e intrigante, decretava medidas duras contra o povo, dada a fraqueza do filho.
Por esta altura em França viviam muitos protestantes, chamados huguenotes. Muitos eram líderes importantes que gozavam de boa reputação e prestígio junto do rei.
Ora, esta importância e estatuto de que gozavam os protestantes, em breve iria trazer nefastas consequências para si mesmos, por causa da inveja de outros nobres e principalmente clérigos católicos.
Com o pretexto de que os huguenotes estavam a preparar uma conspiração contra o rei, Catarina de Médicis, com o patrocínio do clero romano, congeminou um plano para levar a cabo uma matança sem precedentes e consequente extermínio da fé protestante.
Na altura era Papa, Gregório XIII. Apesar de ter feito importantes reformas na Igreja, ainda hoje as opiniões dividem-se entre o desconhecimento da trama de Catarina e a bênção dada por ele para a mesma.
Os huguenotes viviam tranquilos pois “a boa vontade do rei” era a sua garantia de segurança.
Apesar de não ter vontade nenhuma em o fazer, Carlos IX não foi capaz de dizer não ao que sua mãe pretendia. Assim sendo, na noite de 24 de Agosto de 1572, as forças do rei, primeiro em Paris e depois por toda a França, massacraram milhares de huguenotes (protestantes) acabando com a religião protestante que tinha florescido no país.
Fala-se de um número que chega aos 70 mil. Considerando a população da época, diríamos que foi um elevadíssimo número de vítimas.
Carlos IX compreendeu a monstruosidade do crime que ia ser cometido pela sua mãe, mas não teve a coragem para resistir, dando o seu consentimento.
Quando acabou por autorizar o massacre, declarou: “Muito bem, matem, mas matem todos. Não deixem um só vivo para depois não vir a mim queixar-se.”. Ao que tudo indica, esta declaração foi levada à letra.
Era noite alta quando se ouviu um sino “dobrando a finados”. Era o sinal convencionado para o início do morticínio. É considerado como prova de que o clero católico estava muito envolvido.
Carlos IX viveu e morreu corroído e torturado pelo remorso devido ao que aconteceu. O mesmo não se pode dizer de sua mãe que nunca se arrependeu do que fizera.
Quando a notícia do massacre chegou a Roma, foi recebida com muita alegria. O Papa celebrou uma missa “Te Deum” (missa para comemorações jubilosas) e a festa durou vários dias. O próprio povo romano participou das festividades como procissões e até foi cunhada uma medalha especial.
Ficou registada como a Noite de São Bartolomeu, pois a mortandade dos protestantes foi efectuada no dia da festa do dito santo.
O que aconteceu deve ser objecto de meditação, lendo o texto de João 16:2-3.
Dois séculos mais tarde, a França viveu mais um momento conturbado da sua história: A Revolução Francesa. No mesmo lugar onde foram impiedosamente queimadas as primeiras vítimas da fé protestante, foram levantadas as guilhotinas para decapitar os que eram contra (e não só) a revolução. Entre povo, nobreza e burguesia, também muitos padres foram mortos.
O clero sofreu uma razia. Aqueles que não renegavam a sua fé eram guilhotinados. A religião foi proibida. As missas acabaram. As Bíblias e livros religiosos foram queimados. O Culto da Razão substituiu o Cristianismo. E a Deusa da Razão substituiu Deus. E a França envolveu-se em guerras com outras potências. A miséria instalou-se e a fome propagou-se.
Sem pretender julgar seja o que for, dá muito que pensar.
A título de curiosidade: Voltaire, ilustre filho de França, escritor e filósofo, crítico da religião, advogava há muito a razão em detrimento da religião. Figura controversa, há quem defenda que no final da sua vida se terá convertido ao catolicismo. No estertor da morte gritou: “Chamai-me um padre; chamas do inferno me cercam.” Alguns amigos diziam: “Morre como pregaste em vida. No entanto, ao que parece um deles teve compaixão e foi buscar um padre para aplicar a extrema-unção.
Não há certeza de que isto tenha acontecido. Mas há a certeza do que aconteceu o seguinte: Voltaire dizia que 100 anos após a sua morte a religião desaparecia da face da Terra ou pelo menos de França. Não só não desapareceu como precisamente 100 anos depois da sua morte a casa onde nasceu e viveu tornou-se depósito de Bíblias da primeira Sociedade Bíblica francesa. Ironias do destino.
Voltaire costumava dizer: “Não conheço Deus. Mas se o encontrar, cumprimento-o.”
Pr. Tomaz Correia
Bibliografia:
Pr. João P. A. Silva
Lacretelle – História – Vol. XI
Borges Hermida – História Geral
LUGAR À POESIA
Prevejo para breve o fim do mundo;
é algo de que estou certo e em que cismo.
Quem não vê que caímos num abismo
tão negro que parece não ter fundo?
O mal alastra e tem sido fecundo.
Miséria, roubo, escravidão, racismo,
hostilidade, guerra, terrorismo:
É o que temos, segundo após segundo.
Desiludam-se aqueles que acreditam
(Desculpem-me mas eu sou realista)
Que algum dia tenhamos aqui paz.
Tantos males já cansam, já irritam,
e já há pouca gente que resista
a este lugar que apenas dor nos traz.
In memoriam
David Vidal - 2014
Leia A Bíblia
e
‘O Grande Evangelho de João’
“A Luz Completa” “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há-de vir.” (Evangelho de João 16:13) “Eis a razão, porque agora transmito a Luz Completa, para que ninguém venha a desculpar-se numa argumentação errónea de que Eu, desde a minha presença física nesta terra, não Me tivesse preocupado com a pureza integral de Minha doutrina e de seus aceitadores. Quando voltar novamente, farei uma grande selecção e não aceitarei quem vier escusar-se. Pois todos os que procurarem com seriedade acharão a verdade.” (O Grande Evangelho de João – volume I –)
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