- A visão material e espiritual. A chegada de uma caravana de comerciantes de Damasco a Emaús, é pretexto para Jesus nos abrir o entendimento espiritual para uma realidade muitas vezes esquecida (ou omitida).
a) A realidade física, ou visão física;
b) A realidade espiritual, ou visão espiritual.
“Vejo a caravana se movimentar em nossa direcção – mas atrás dela surge outra de aspecto horrendo! – Em vez de camelos e cavalos, vêm-se dragões de fogo e no lugar de criaturas, figuras diabólicas, envoltas de serpentes de fogo e o peito ornado de caveiras! Que significa isto Senhor? Digo Eu: Compreendei bem! Por certo sabeis consistir a primeira caravana de comerciantes mundanos e gananciosos, pois um comerciante de Damasco não é melhor que um ladrão e salteador. (…) Não obstante tal índole, são homens considerados e respeitados pelo mundo, recebendo homenagem do próximo. A fim de que todos vós, Meus discípulos e irmãos, pudésseis conhecer mais de perto essa camarilha, Eu abri a vossa visão interna, de sorte a poderdes ver ambas as caravanas, material e espiritual. Os incandescentes dragões apontam a volúpia ardente de açambarcar todos os tesouros da Terra. Os demónios a montarem os dragões, indicam precisamente os comerciantes humanos. O surgir de serpentes traduz a sua astúcia, inteligência e prudência comerciais. As caveiras, a imensa tendência assassina de tais verdadeiros demónios … Sabedor da vossa temporária consideração para com tais homens, vi-Me obrigado a desvendá-los diante de vossa visão psíquica!”
Jesus esclarece Nicodemos não serem só os comerciantes mas todos, quando lhe diz: “Se te mostrasse os altos funcionários de Jerusalém sob a visão interna – que Me dirias? Por isso afirmo: Este mundo é semelhante ao inferno em tudo; apenas se acha velado diante dos olhos das criaturas, assim como é oculto o Céu, em palavra e acção. Por este motivo pode aqui o Céu influenciar beneficamente sobre o inferno. Onde ambos estão revelados, a influência é difícil ou quase impossível. (…) O Céu contém três graus, bem como o inferno. (…) Os sete egípcios (vidas simples que, sem conhecerem o Senhor eram possuidores de poderes milagrosos) representam o primeiro Céu da pura Sabedoria, e somente neste podiam penetrar os espíritos infernais de Jerusalém (dois fariseus terríveis que foram convertidos a Jesus gradualmente). Então começou a se lhes fazer Luz do segundo grau celeste, na pessoa de Rafael (anjo), sentindo eles necessidade de deixar o mal e se voltarem para a Luz. Quando se analisaram na luz ofuscante da sabedoria e do amor, penetrou-os o verdadeiro arrependimento e o desejo da Minha Presença, como máximo grau dos Céus. Quando Eu Mesmo deles me aproximei, foram prontamente convertidos, tornando-se candidatos ao primeiro grau celeste. Se os tivéssemos enxotado com o nosso Poder por ocasião da sua chegada, não estariam agora nesta situação feliz!“
- Diz o anjo Rafael: “Entre o sonho e a visão, há grande diferença … Existem três graus de visão e percepção dentro da alma. O primeiro é simplesmente natural, mesmo em pessoas materialistas, cujo espírito repousa inerte como elemento espiritual dentro do invólucro da semente. Tal estado ainda não é o segundo grau completo da visão da alma, porque o espírito não se acha em união com ela, sendo semelhante ao elemento espiritual da membrana do gérmen, quando a semente está há alguns dias no solo fértil, começando por rompê-la e manifestar a sua actividade. O segundo, superior e distinguível grau de percepção da alma, ocorre tanto acordada quanto em sonho tão logo o espírito começa a tornar-se activo. (…) Isto tudo ocorre pela crescente actividade do espírito na alma, que assim se une a ela. (…) Neste estado, pode o homem descobrir a si e a Deus, ver e julgar os espíritos, ou seja as almas dos que já partiram, bem como as vivas. Os sonhos de tal criatura são puramente reais e verdadeiros, não havendo grande diferença entre visão comum e sonho. Somente aqueles que, semelhantes aos profetas, se encontram, no trânsito ao terceiro grau, portanto o mais elevado na visão e sentimento, em virtude da maior integração do espírito na alma, guardam tudo e, ao despertarem, podem transmiti-lo. Neste estado se acham os pequenos profetas. Pela actividade no segundo grau, somente o espírito começa a influenciar a alma semi-material. (…) No terceiro grau, a alma começa a ingressar no espírito, incendiada pelo amor dele e transforma todas as substâncias, ainda ligadas à matéria, em pura essência espiritual, onde forma a verdadeira espiga para a vida livre e eterna. Eis o terceiro e mais elevado grau da visão e a vida da alma, no qual ela vê e ouve tudo que existe na Criação. Vê o Céu aberto e pode entrar no mais vivo e lúcido intercâmbio com todo o mundo dos espíritos. O que tal alma vê, ouve e sente, jamais poderá desaparecer da recordação; o seu âmbito de visão e percepção abarca e penetra tudo, para sempre. (…) Neste estado se encontram os grandes profetas.“
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